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9 Inspirações para todos nós

Atualizado: 19 de dez de 2022

Romper com a estrutura gordofóbica já enraizada em nossa sociedade não é tarefa fácil e muito menos solitária. É preciso que haja pessoas de diversos segmentos envolvidas e comprometidas com a luta antigordofobia. Essa luta, ao contrário do que muitos pensam, não é recente e já tem mais de cinquenta anos.

Naturalizar o corpo gordo é, para mim, extremamente importante e necessário nessa jornada. Precisamos deixar nossos corpos visíveis e mostrar a importância das nossas demandas. Embora mais de 50% da população brasileira seja gorda, essas pessoas continuam tendo direitos básicos negados dia após dia. O corpo gordo é patologizado, oprimido e odiado gratuitamente dentro e fora das redes sociais.

“Mas, Thati, como podemos naturalizar o corpo gordo se mais da metade da população é gorda e ainda assim existe tanto preconceito e desinformação?”

Consumir conteúdo de pessoas gordas, segui-las, apoiá-las, estudar o movimento… Tudo isso contribui para a naturalização do corpo gordo. Muita gente não sabe por onde começar esse processo, por isso reuni algumas inspirações, de diferentes áreas, para que você possa dar o primeiro passo dessa jornada.

1 – My Mad Fat Diary (série)

Rae, uma jovem inglesa gorda de 16 gorda relata em seu diário sua experiência em lidar com o próprio corpo, seus relacionamentos com amigos e sua mãe. A personagem gorda não é o alívio cômico da narrativa, muito pelo contrário. Toda a narrativa gira em torno dela, o que considero bastante positivo e muito raro, especialmente para a época em que foi lançada. Rae tem dificuldades para gostar de si mesma, então ao longo dos capítulos é possível acompanharmos ela em um difícil, mas importantíssimo caminho de amadurecimento e autoaceitação.

A série é situada na década de 1990, tem 3 temporadas e foi ao ar entre 14/01/2013 e 06/07/2015. Como não encontrei em nenhum streaming, acompanhei os capítulos no Youtube.

Aviso de conteúdo: depressão, suicídio, transtornos alimentares, aborto e auto-mutilação.

2- Shrill (série)

Annie é uma jovem mulher que deseja mudar sua vida, mas não seu corpo. Ela tenta conciliar a carreira de jornalista com namorados ruins, pais doentes e um chefe perfeccionista, enquanto mostra às pessoas que a julgam por ser gorda que é capaz de fazer tudo que quiser.

A série de comédia é bastante divertida e foi uma experiência positiva para mim. Ela tenta (e na maior parte do tempo consegue) trazer com leveza assuntos sérios sobre uma mulher gorda lutando contra a gordofobia na sociedade. Shrill tem 3 temporadas e todas estão disponíveis no HBO Max.

3 – Drop Dead Diva (série)

Quando uma jovem e magra aspirante a modelo morre em um acidente de carro, a velha batalha entre cérebro x beleza está prestes a dar uma guinada. Ela volta à vida no corpo de uma brilhante e criativa advogada gorda.

Embora tenha uns problemas aqui e ali e o primeiro episódio possa deixar uma má impressão, eu acredito que DDD foi encontrando o equilíbrio ao longo das 6 temporadas (todas disponíveis na Netflix). O motivo principal que me levou a dar uma chance à série foi Brooke Elliot, a atriz que interpreta a personagem principal e é extremamente cativamente, além de ter um ótimo timing para o humor.

Literatura

4- Princesas Gpower (livro infantojuvenil)

Uma estudante de medicina encontra o amor verdadeiro.

Uma jovem órfã descobre que seus pais estão vivos.

Uma moça com medo do mar se arrisca em um cruzeiro.

Uma garota acha o seu lugar em uma nova cidade.

Estar acima do peso não impede essas protagonistas fortes e empoderadas de viverem aventuras incríveis, dignas dos mais belos contos de fadas. Kai, Rosa, Cindy e Malena são verdadeiras princesas de suas próprias histórias, merecedoras de príncipes encantados, bailes, mistérios e sapatos de cristal. Com tramas leves e divertidas, Janaina Rico, Larissa Siriani, Mila Wander e Thati Machado mostrarão que existe apenas uma regra para sermos verdadeiras princesas: temos que nos permitir um felizes para sempre.

Eu tenho um carinho enorme por esse livro e não é apenas porque sou uma das escritoras dele (juro!). Quando criança, nunca consegui me enxergar em princesa alguma e essa coletânea reimagina clássicas princesas da Disney através de meninas gordas comuns como você e eu. É pra terminar a leitura com o coração quentinho.

Está disponível na Amazon e no site da Qualis Editora.

5-Gordes (coletânea)

Pessoas gordas sofrem preconceito em todos os âmbitos de suas vidas: profissional, social e afetiva. Esse preconceito é conhecido como gordofobia. Nossa sociedade naturalizou pequenas violências – como não encontrar uma roupa do seu tamanho – e grandes – como não ter o direito de ir e vir e ter sua saúde negligenciada. A luta contra a gordofobia não é apenas sobre moda e autoestima. É – também – sobre melhorar a formação dos profissionais de saúde; mudar a infraestrutura dos hospitais e transportes; promover leis antidiscriminação; gerar debates em escolas; incentivar a representatividade positiva na mídia. Nessa antologia, criamos um espaço seguro para que gordes reivindiquem o protagonismo e celebrem seus corpos.

O livro reúne 26 contos, de diferentes gêneros, protagonizados por pessoas gordas. O prefácio fica por conta da Larissa Siriani, também autora de Princesas Gpower e Amor Plus Size.

Disponível na Amazon e na loja do Se Liga Editorial

6- Um Corpo de Verão (conto)

Tudo o que Vanessa queria era aproveitar o fim de semana para se reaproximar da (beijar a) amiga de infância e pegar uma corzinha à beira da piscina. Mas a insegurança de Bia mais afastou do que uniu as duas.

O conto está disponível na Amazon e é uma leitura superfluida e rapidinha. Vanessa é uma personagem muito real e é impossível não se identificar com suas questões inerentes à adolescência.

Personalidades

7- Jéssica Balbino

Jéssica Balbino é jornalista, mestre em comunicação pela Unicamp, curadora de eventos literários, editora do blog Margens. Viciada em café, dirigiu o documentário “Pelas Margens: vozes femininas na literatura periférica”, premiado pelo Governo do Estado de Minas Gerais, no Prêmio Canela Fina. Ela também escreve uma coluna incrível para o jornal Estado de Minas, que vale a pena ficar de olho para não perder nada.

8- Malu Jimenez

Malu Jimenez é uma filósofa brasileira conhecida pelo seu ativismo contra a gordofobia. Criou o projeto “Lute Como Uma Gorda” e fundou o Grupo de Estudos Transdisciplinares do Corpo Gordo no Brasil. Ela ministra cursos incríveis que são uma excelente porta de entrada para quem quer se aprofundar sobre a gordofobia e seus impactos.

9- Gabi Menezes

Gabi Menezes é psicóloga não gordofóbica, especialista em transtornos alimentares, além de ser cofundadora do projeto Saúde Sem Gordofobia. Na internet, Gabi compartilha experiências sobre moda, maternidade, saúde, gordofobia e muito mais.

Thati Machado para a coluna Gorda, sim!

Encontre-a no Instagram @machadothati