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O parto

Atualizado: 15 de jan de 2023

O parto. Ah, o parto! Que momento mais complicado, não é mesmo? Tenho certeza de que muitas mulheres passaram por esta situação, eu, inclusive. A decisão do tipo do parto é aquele momento em que todo mundo sente necessidade de dizer o que seria melhor.

Certo, certo! Muitas pessoas passaram por isso inúmeras vezes e podem te contar a experiência delas, contudo, não podem querer te induzir ao tipo de parto delas. E é justamente por este motivo, foi o parto dela, no corpo dela e a história que funcionou, ou não para ela,  pode não ser a mesma que funcionará para você.

Vou te contar a minha história; Engravidei duas vezes e em ambas escolhi o parto Cesária, com a opção de agendar a data. O motivo? Sou uma pessoa muito – coloque esse muito muitas vezes na intensidade – sensível a dor. Logo, um parto vaginal, e aqui encontramos diversos tipos, nunca seria a minha escolha.

Mas essa escolha no auge da campanha pelo parto normal fez com que tantas pessoas concentrassem as suas forças para me convencer do contrário. Ninguém conseguiu, sabe por que? Porque eu me conhecia, conhecia meus limites, meu corpo, então bati pé firme e tive meus partos da maneira que escolhi, na data correta indicada pela minha ginecologista.

Agora vamos a um ponto importante; Foram dois partos, com gravidezes sem problemas, em ambas, engordei a mesma quantidade absurda de peso – confesso – e não havia risco de nada. No primeiro tive medo da recuperação, afinal de contas é uma cirurgia – tenha isso em mente na hora da sua escolha – e para piorar, na hora do parto encontrei mulheres que estavam na mesma sala para a revisão dos pontos e me contaram coisas horríveis. Quase desisti, mas o medo da dor me fez ficar. Resultado: a recuperação foi maravilhosa, não tive dor, problemas, complicações, nada. Até saí do hospital de saltos altos.

No segundo parto, como eu tinha a experiência do primeiro, acreditei que tudo aconteceria igual, mas não aconteceu, tive complicações após o parto e uma semana depois quase precisei ser internada por causa dos pontos. E por que estou contando isso? Para que você entenda que em todos os partos existem e sempre irão existir os prós e os contras e você não vai descobrir ouvindo a opinião dos outros, vai descobrir conversando com especialistas e com você mesma.

Isso, você engravidou e tem direito de ser a doida que conversa consigo mesma. Mas converse. Conheça seu corpo, seus medos, suas limitações e as opções que podem se enquadrar no seu caso.

Então muitas mulheres vão dizer: “O parto normal é o melhor, depois do parto você esquece a dor”, mas pense nas horas em que você, e só você, sentirá as dores do parto, porque esta não é dividida com ninguém que tentou te dizer que o prazer de ter seu filho em seus braços faz você esquecer tudo. É mentira. Os anos vão passar e você ainda saberá as horas certinhas de contração até o parto. Então: desromantize o parto normal. Desromantize todos os partos.

“Em todos os partos existem e sempre irão existir os prós e os contras e você não vai descobrir ouvindo a opinião dos outros, vai descobrir conversando com especialistas e com você mesma.”

Eu estou dizendo aqui que é horrível? Não. Se você escolheu ter um filho tem que saber que ele precisará nascer, certo? A ideia aqui é: saiba o que é melhor para você, sem levar em conta o que a família, os vizinhos, os primos, as tias, vão te instruir a fazer. É para isso que existem os profissionais.

Agora vamos ao conhecimento. Os partos são divididos em dois tipo: vaginal e cesárea. E são só esses que você pode escolher? Não. Neste caso você vai escolher se consegue mesmo expelir uma criança pela vagina, e muitas vezes ser cortada, ou se vai preferir ser cortada para retirar a criança, porém sem a dor do parto.

Importante lembrar e eu já falei duas vezes aqui no texto, que a presença de um profissional é mais do que importante. Quem são eles? Sua ginecologista, sua dola, os profissionais que te acompanham caso você já tenha ou desenvolva alguma doença que possa agravar no parto. E friso bastante essa ideia porque ela vai te ajudar a definir o parto. Você pode querer muito um parto normal, mas suas condições não permitirem.

Tudo certo, vamos aos subtipos. Vaginal é um parto não cirúrgico dividido em alguns tipos, dentre eles o Natural, que é o parto com o mínimo de intervenção médica. A ideia deste tipo de parto é que a mulher tenha mais autonomia e consiga agir conforme as suas necessidades. Tenha em mente que não existirá anestesia ou qualquer coisa que não seja natural para ajudar ou aliviar a dor. Desromantize a ideia se esta for a sua escolha. Não faça por ser modismo ou pela ideia romântica de que a família irá participar, que será lindo. Será lindo não por causa do parto e sim porque é lindo e emocionante ter seu filho nos braços. A questão é: você suporta a ideia?

O parto normal também é vaginal, é o queridinho e o que costumamos ouvir os palpiteiros de plantão nos aconselharem. Neste a ginecologista obstetra acompanha, você pode ter direito a remédio para dor e pode ocorrer a necessidade do corte. Tenha em mente que sua Ginecologista Obstetra precisa ter certeza de que este parto não lhe fará mal ou ao bebê.

“É o seu corpo, são suas crenças e suas ideias. Pesquise, converse, se conheça e faça o melhor por você neste momento que, de fato, é só seu.”

É importante falar que em todos os casos você pode e deve exigir que seja humanizado. Lembre daquela ideia “seu corpo suas regras” ­— isso desde que não coloque nem a mamãe nem o bebê em risco—, você pode escolher tudo, cada detalhe e isso nos leva a romantizar o parto, certo? Não. Isso é o melhor que já fizeram por nós.

O parto pode ser na água, de cócoras, mas cada um com as suas limitações e necessidades e aqui volto a ressaltar, converse com os profissionais. Pessoas que engordaram muito na gestação, pessoas com o feto em peso superior ao sugerido, não podem optar por estas.

E por fim a cesárea, uma cirurgia que pode ser agendada ou não, pode ser uma opção do médico devido a complicações, como ocorreu com muitas mulheres que conheço. A recuperação, como contei no início, vai de corpo para corpo, mas no geral é longa e com mais necessidade de cuidados, mas não é um bicho de sete cabeças.

No final todas caminham para o mesmo objetivo; trazer seu filho ao mundo, iniciar a loucura que é ser mãe e agora sim, vamos precisar desromantizar pesado, mas vamos deixar para as outras edições.

Lembre-se: é o seu corpo, são suas crenças e suas ideias. Pesquise, converse, se conheça e faça o melhor por você neste momento que, de fato, é só seu.

Tatiana Amaral para a coluna Maternidade