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O prazer da minha própria companhia

Atualizado: 17 de dez de 2022

Já comentei algumas vezes aqui que adoro estar em contato com as pessoas, poder conversar, trocar ideias e experiências. Isso me faz muito bem. Mas hoje me deparei com uma situação diferente e percebi que também gosto, às vezes, de estar em contato com a minha própria companhia; poder refletir e pensar em tudo o que acontece e me aprofundar nas coisas que gosto de fazer.

Apenas quando estou sozinha consigo fazer certas coisas que me dão prazer, tais como: escrever, ler, pesquisar, estudar, contemplar, refletir e escrever de novo. E você, o que gosta de fazer quando está só?

Nesses momentos em que escolho a minha própria companhia para escrever, as palavras e os sentimentos surgem em minha mente, e a escrita vai fluindo de forma natural e leve. Até me surpreendo. A escrita, para mim, é distração, reflexão e, às vezes, um refúgio para eu ir a outro mundo, um mundo bom e justo. Mas só consigo escrever, ler e pesquisar quando estou só.

Também tem momentos em que escolho estar em casa apenas comigo e ninguém mais. Aproveito quando meus pais viajam. Mas fazendo o quê? Às vezes, fazendo absolutamente nada, só deixando meus pensamentos e minha imaginação fluírem e enriquecerem minha mente.

Esses momentos me dão uma sensação de leveza, liberdade e bem-estar. Ah, também gosto de escutar uma música que toque o meu coração ou ver um bom filme que estimule a minha imaginação e minha vontade de escrever. Mas, acima de tudo, aproveito essas ocasiões para experimentar minha autonomia e ter o prazer de realizar as tarefas por mim mesma. Pode acontecer de eu não conseguir de primeira, então tento outra vez. Quando consigo, eu me sinto poderosa e feliz comigo mesma, com a sensação de estar pronta para ter a minha própria casa.

Sempre amei a natureza e estar em contato com ela, mas somente quando estou só e junto dela é que os meus sentidos ficam mais aguçados. Parece que tenho outros sentidos e dons.

Nessas situações, consigo voltar meus olhos para dentro de mim mesma e sinto que estou mais perto de Deus. Até porque acho a natureza algo divino, completamente mágico e transformador.

Se eu colocar a mão na terra, sinto o bater do coração da mãe natureza; parece que ela consegue sentir a minha energia, e eu, a dela. Essa conexão é maravilhosa! Quando a brisa toca nas árvores e toca em mim, é como se vozes estivessem sussurrando nos meus ouvidos. Seria a mãe natureza ou seria Deus que estaria falando comigo? Não sei. Apenas escuto e agradeço por poder sentir essa conexão. Tudo isso me faz muito bem.

Na verdade, a gente se basta em uma série de coisas boas na vida, e eu cito mais alguns exemplos, como tomar aquele cafezinho cremoso com um pedacinho de brownie em um lugar charmoso; ir ao cinema, no aconchego da poltrona, com aquela tela toda só pra você (e, no meu caso, com uma porção de pão de queijo bem quentinho); ir ao shopping e fazer algumas comprinhas contando só com a sua opinião; visitar algumas livrarias e se deliciar pelas prateleiras e pelos livros sem se preocupar com ninguém… Enfim, em muitas ocasiões. Em que momentos você tem o prazer de sua própria companhia? Penso que precisamos de momentos em nossa própria companhia para crescermos, nos conhecermos e experimentarmos a vida de uma maneira diferente. Podemos tirar o melhor dessas experiências. Ficar sozinho e de bem com a vida é bem possível. Desde que se tenha a consciência de que, para isso, não precisamos diminuir os momentos nos quais outras pessoas nos fazem companhia.

Precisamos saber valorizar cada episódio de maneira diferente e observar quanto cada um foi enriquecedor na nossa vida!

Fernanda Machado para a coluna Páginas do meu diário

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