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Vamos desromantizar o “ser mãe”?

Atualizado: 15 de jan de 2023

Decidi que este deveria ser um ponto abordado porque inúmeras vezes ouvi aquelas perguntas básicas, feitas ao casal: “quando vem o primeiro filho?”, “E o segundo?”

Queridas, muitas vezes eles acabaram de se casar, ou de se juntar, ou de decidir que devem tentar uma vida juntos, mas é quase inevitável para alguns a fatídica pergunta antes mesmo de deixá-los respirar.

Por quê? Porque a sociedade nos faz entender que como mulheres devemos crescer, encontrar um parceiro legal, ter filhos e cuidar da nossa família, depois envelhecemos e morremos e está tudo definido. O script perfeito.

O problema é que o mundo mudou e com ele devemos e merecemos mudar também. Ser mãe não é uma dádiva quando você não se sente pronta para ser mãe, e a pressão pelo primeiro, depois o segundo e quem sabe aquele terceiro, uma menininha para fechar, faz com que muitas mulheres que acabaram de dar aquele passo mais sério no relacionamento, se sintam na obrigação de engravidar.

“O mundo mudou e com ele devemos e merecemos mudar também.”

“O tempo está passando”, “Você não é mais uma mocinha”, “Um filho de vocês seria tão lindo!”. E tudo isso, a cobrança, o tempo, o medo, nos leva a embarcar, dar mais um passo, sem ter certeza se acertou o primeiro. E, principalmente, precisamos entender que nem todos querem filhos e está tudo bem. Porque a decisão precisa partir de você e não dos outros.

Um filho é abrir mão de si mesma por muito tempo. É ter preocupação eterna. É aquela conta extra que desqualifica a sua viagem de férias, é não dormir nunca mais uma noite inteira. E ainda assim, teremos aquelas, como eu, que vão amar muito e se desesperar na mesma medida e aquelas que não querem nem pensa no assunto. Normalizem isso.

Nem todas as mulheres são maternais e isso não as desmerece. Não somos obrigadas a sorrir e achar um bebê a coisa mais maravilhosa e gostosa do mundo. Eu acho, mas estou do lado das que não se sentiriam completas sem um filho, tanto que tive três, sem me importar com a pressão, aquela que vai contra a ideia “Três? Não é demais? Agora parou, né?”. Por favor, se decidam! Ou devemos ser mães ou não devemos ser mães.

“Ser mãe não é uma dádiva quando você não se sente pronta para ser mãe.”

Mas voltando a ideia, nem todas as mulheres colocam um filho como prioridade. Algumas querem o estudo, se especializarem o máximo possível, outras estabilidade, outras conhecer o mundo e ainda tem aquelas que querem curtir mesmo, brincar de fazer o bebê sem a obrigação do bebê. E eu repito: está tudo bem. Seu corpo, suas regras.

Particularmente, acredito que quando uma mulher não sente aquele chamado da maternidade, não deveria ter um filho. Não tenha por pressão, por uma obrigação, satisfação, porque seus pais querem ser avós, porque a verdade é que um filho merece mais do que isso, assim como você merece mais do que se obrigar a embalar, limpar, carregar e alimentar quando o seu objetivo de vida é um PhD em alguma coisa.

Os dois lados perdem e é importante observar isso. Quantos pais abandonam os seus filhos pois não se sentem prontos para serem pais? E as mãe? Esse também é um assunto longo que em outro momento conversaremos aqui.

“Acredito que quando uma mulher não sente aquele chamado da maternidade, não deveria ter um filho.”

Quantas crianças são negligenciadas? Quantas mulheres entram em depressão porque em determinado ponto da sua vida percebem que deixaram seus sonhos e se tornaram mães?

Então fechamos assim: seja mãe se você de coração quiser isso, e não seja se não quiser.

Aguente firme a pressão, seja mais você, estabeleça o seu momento, assuma as rédeas desse começo que nunca mais sairá das suas mãos.

Tatiana Amaral para a coluna Maternidade