Tantas despedidas fomos obrigados a vivenciar neste ano de 2020 e, em todas, aquele aperto no peito que nos gritava para não deixarmos ir embora aquele que sempre foi tão próximo… despedimo-nos de quem amamos e choramos as perdas dos nossos como uma criança chora a perda do seu brinquedo preferido. Fomos obrigados a olhar para a casa vazia sem a presença deles, sem seus perfumes e suas cores; fomos até onde suportamos e alcançamos o insuportável limiar da dor, que insiste em nos dizer que “acabou”.
Mas, ao acordarmos no dia seguinte, escutamos alguém nos dar bom dia com o mesmo tom de voz que eles costumavam nos dar; experimentamos uma comida com o tempero similar ao seu e gargalhamos das piadas que se parecem muito com o tipo de humor que eles compartilhavam rotineiramente conosco. Soubemos que era uma forma deles estarem perto de nós, quase que nos dizendo que estava tudo bem, que não os teríamos da mesma forma que os tínhamos antes, mas que sim, ainda os teríamos. E isso é o que importa.
No decorrer da nossa estrada acabamos acreditando em tantas histórias, em tantas possibilidades e em tantas verdades, e então, por que não crermos que esse adeus se trata apenas de um “até mais”? Não temos certeza de nada na vida nem na morte, mas acreditamos fielmente no sentimento que nos une à eles.
Somos nós quem saiu de cena na estrada das suas vidas e não eles, protagonistas faceiros da sua própria história, que, acreditem, não acabou, apenas mudou de palco… então, os convido a sorrirem neste Natal em em todos os próximos Natais. Os convido a homenagearem a existência dos que lhes são tão caros, seja deste lado ou do lado de lá do caminho.
E os convido a acreditarem que nossas despedidas são meros “até mais” e nada mais do que isso.
Fui! (Esperar pelo “mais”…)