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Melhor Ângulo


Na fogueira das vaidades vale tudo: de efeitos de botox propalados em perfeitas peles, também artificialmente maquiadas e magistralmente retocadas em singulares programas de computador. Vale o efeito das luzes que não iluminam plenamente, do dourado que reluz a ouro e do preto que emagrece. O evento é o melhor de todos, desde que com nome e sobrenome de lugar famoso, acompanhado de mimos que vêm com etiqueta e comidas bonitas, não necessariamente saborosas. É tudo meio utópico se enquadrado na moldura limitante de uma vida monitorada e “adequada”. Mas dentro de toda fantasia irreal de uma vida (quase) perfeita, existe também o grupo de criaturas espontâneas e irritantemente felizes, que consagram, em uma mesa com concha de plástico e toalha de flores, alguma comida com sabor maravilhoso, mas bem mais simples do que uma foto divulgada mereceria retratar. Outras não se intimidam com sua profusão de rugas e gorduras saltitantes, desfazendo-se da vaidade itinerante que nos rodeia e aprisiona. É a “cara lavada” que se mostra, muitas vezes sem a preocupação de resplandecer felicidade, só a vontade de ser assim, feia ou bonita, feliz ou triste, mas sempre: livre. E quanto mais fotos despretenciosas eu vejo publicadas, mais admiração eu tenho por quem não se esconde atrás do seu narcisismo… Se eu vou “entrar nesta onda”? Claro que não! Até o “lado B” da minha vida só aparece de óculos escuros e à meia luz… Fui! (Tirar foto do meu melhor ângulo, porque o pior, só mesmo a minha depiladora e cabeleireira conhecem…)

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