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Meu olhar embaçado


Caminhei por tanto tempo buscando acertar, buscando agradar a quem me era tão caro; caminhei tentando ser melhor do que conseguia e fazendo aquilo que eu achava que era necessário.


Caminhei tanto tempo para receber as migalhas de um mundo em eterna construção, cercado por mágoas e desamores constantes, carente de abraços, de aconchegos e de bolos de avó, feitos com carinho em uma forma velha...


Caminhei até aqui para encontrar nos meus amores a versão mais poderosa de toda a minha existência, aquela que se recusa a desistir e que é mais leve do que eu jamais fui. Mas, ainda assim, percebo que os passos deles jamais alcançarão os quilômetros que percorri, com todas as dores e decepções que cercam minha jornada, que fora vivida intensamente e de forma incondicional em busca de emoções vivas e inseguras.


Sou eu, uma forma de poesia que insiste em reinventar-se a partir de um passado que já não volta e cujas memórias já não consigo mais acessar plenamente. Sou eu, um objeto contemplativo que chora em momentos possíveis e degusta sabores impossíveis de uma menina que buscava entender o mundo com seu olhar embaçado e com uma vontade genuína de conquistá-lo.


Agradeço a caminhada e a estrada; agradeço os passos e as risadas. Agradeço o colo e os pedaços de bolo que acalentaram meu coração machucado. E agradeço a cada um deles, que, por vezes, me fizeram enxergar melhor o caminho que eu deveria seguir (mesmo com meus muitos graus de miopia...)


Fui! (seguir...)


Cris Coelho para a coluna Crônicas

Encontre-a no Instagram: @crisreiscoelho


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