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Ordinária


Muito aquém de onde nossas expectativas podem chegar, está a facilidade em nos conformarmos com o medíocre, com o básico. Somos ordinários na superfície e profundos em um conteúdo quase inalcançável. Se queremos amor, o queremos para amanhã e com um ritual próprio, acompanhado de festa e vestido branco para complementar o figurino. Se queremos luxo, o queremos na forma de suaves prestações ao longo do ano, de modo a não impactar no nosso orçamento. E se queremos desafios? Ah, esses devem vir sempre cercados de obstáculos “possíveis” de serem ultrapassados, porque, se forem muito altos, dá preguiça de saltar… E na trilha sonora de tudo o que é ordinário estamos escutando o ritmo do “instantâneo”, que dá ao compasso da canção, o tom frenético de uma aula de spinning. Mas quando pensamos na melodia… Cadê a melodia? Melodia geralmente não é ordinária, tem cadência própria e combina com o amor verdadeiro. Essa sim dá trabalho. Então colocamos uma pitada no meio da canção, e seguimos rotineiramente no passo da multidão, que dança igualmente ensaiada, o mesmo ritmo do próximo carnaval. E nessa avenida de pequenos seres alienados está a nova moda de prazer: a banalização das emoções que consegue transformar até o gozo em um reflexo hormonal e ordinário… Fui! (Encontrar minha essência dentro de toda a minha “ordinariedade”…)

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