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“Rótulos”


Uma vez me perguntaram se eu gostava de homens ou de mulheres. Eu respondi: eu gosto de pessoas. E pessoas não têm rótulos, têm nomes. Têm também uma história de vida, têm hábitos, têm gostos, têm essência. E também têm cara, claro. Mas se a cara é bonita ou feia, é apenas uma questão de percepção… Na contramão da escola de marketing atual, eu gosto é de “desclassificar” tudo o que é classificável. Gosto de desconstruir o que é certo, porque esse certo, muitas vezes, só é certo para quem é “sócio do clube”… Gosto de não ter que gostar porque é bom, porque é devido. Gosto de gostar simplesmente porque quero. E quero mais do que um rosto bonito enfeitando minha mesa no jantar. Quero gente com cheiro de gente. E, se for cachorro, o quero com todos os pelos e desconfortos que um animal pode trazer. E também com as alegrias mais que humanas… Quero errar sem tanto medo da cobrança, porque é assim que muitas vezes se consegue chegar no acerto. E esse acerto é o ponto de partida para descobrir que posso viver sem “rótulos”. Descobrir que, nas enormes prateleiras deste supermercado, existe mais do que uma única opção, um único sabor. Eu posso querer variar ou comer sempre o meu “pão de cada dia”. Se vale a pena ou não, se é caro ou barato, isso quem vai dizer é a minha consciência. E o “preço” de cada escolha, esse, nós vamos saber lá no final, no último caixa da grande loja… Se sou esposa consagrada ou amante “mal dita”, se sou correta ou errada, bendita ou puta, sou só o que sou, nessa imensidão de valores, categorizados em um rol de promiscuidades mais baixas que os vilões do senso crítico. Sou um ser que não utiliza rótulos para o Mundo. Para esse mesmo Mundo que teima em me dizer com quantas letras devo escrever meu nome… Fui! (Viver mais e me preocupar cada vez menos…)

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