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Dismorfia corporal

Atualizado: 18 de fev de 2023

A feiura imaginária e suas consequências reais

Já ouviu falar sobre dismorfia, ou dismorfismo corporal? O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é um distúrbio que atinge cerca de 2% da população, 4,1 milhões de pessoas só no Brasil. É um transtorno mental, espectro do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) que se caracteriza por afetar a percepção da própria imagem, levando o indivíduo a preocupações exageradas e até irracionais sobre defeitos em alguma parte do corpo. Essa percepção distorcida pode ser totalmente falsa, uma feiura imaginária, ou estar baseada em alterações sutis da aparência.

Resulta em uma reação exacerbada com importantes prejuízos no funcionamento pessoal, familiar, amoroso, social e até mesmo profissional. Acomete mais as mulheres e se inicia, em geral, na adolescência. Causa sofrimento, insegurança, vergonha, baixa autoestima, isolamento social e pode desencadear transtornos ansiosos, depressivos, alimentares e até mesmo compulsão por procedimentos estéticos e cirurgias plásticas.

Em plena era digital e do culto à aparência e ao corpo perfeito, essa enfermidade está cada vez mais comum, apesar de ainda ser pouco comentada. Algumas celebridades já assumiram publicamente sofrer de TDC como a bela e sensual atriz norte-americana Megan Fox, o cantor Shawn Mendes e a atriz da série Riverdale: Lili Reinhart. Um dos casos mais conhecidos entre famosos que tiveram o transtorno é o do cantor Michael Jackson.

Dizem que após um acidente em 1984, em que o astro teve queimaduras de segundo grau e precisou passar por cirurgias reparadoras, as plásticas se tornaram uma obsessão e ele teria feito mais de 50 só no rosto.

Ouvi falar sobre o TDC ainda adolescente e o assunto me chamou a atenção porque me reconheci. Era passar perto de um espelho, que parava para analisar meus “defeitos”. E se alguém fizesse qualquer comentário mencionando as partes do meu corpo que mais me incomodavam, eu me entristecia e não conseguia tirar aquilo da cabeça.

O tempo passava e o problema só piorava. A cada olhada no espelho, uma nova “falha terrível” era identificada e se tornava minha nova fixação. Já não conseguia ver minhas qualidades, pois as “imperfeições” se sobressaíam.

Convivi mais de uma década e meia com o transtorno, o que não foi nada fácil. Quando tudo começou, não demorou para eu ter conhecimento e consciência de que se tratava de uma doença, no entanto morava em uma cidade pequena demais, onde o acesso à saúde e às terapias era complicado.

Demorou para que eu me aceitasse e compreendesse que apesar de ter aspectos da minha aparência que me desagradavam, também tinha qualidades. Quando consegui desviar o foco dos “detalhes feios”, comecei a enxergar o que tinha de bonito e a valorizar isso.

Foi uma longa e árdua jornada que me exigiu autocontrole e reflexões profundas para que compreendesse que estava tudo bem ser imperfeita, que ainda assim poderia ser bela, não como as modelos das capas de revistas ou as atrizes das novelas, mas do meu jeito. Se eu não gostasse de mim mesma, se não me achasse bonita, quem iria?

Aceitar nossas imperfeições, apesar de necessário, não é tarefa fácil. Exige resiliência, exercício de autoestima e até um pouco de compaixão, pois muitas vezes somos nossos piores carrascos.

Devemos procurar sermos nossas melhores versões, defendo isso o tempo todo. Se tem algo em sua aparência que te incomoda muito e você quer e pode mudar, até mesmo se submeter a uma cirurgia corretiva, faça! No entanto, sem obsessões. Não sofra à toa. Ninguém é perfeito! Tem coisas que não precisam ser modificadas. Alguns “defeitos” só existem na nossa imaginação.

Se você se identificou com algo nessa matéria, minha amiga, procure ajuda! Quando nos aceitamos e passamos a nos amar do jeito que somos, ficamos mais leves, mais otimistas e autoconfiantes e todas as esferas da nossa vida melhoram. Você merece ser feliz e se reconhecer como a mulher linda e poderosa que é!

Beijos e até a semana que vem!

Renata R. Corrêa para a coluna Universo feminino

Encontre-a no Instagram: @renata_rcorrea

Fontes de pesquisa:

https://sbcp-sc.org.br/artigos/o-que-e-o-transtorno-dismorfico-corporal/

https://www.scielo.br/j/rbp/a/6KGDMDn3wJFGvkcVFQfNgyD/?lang=pt

https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/sindrome-da-feiura-imaginaria-conheca-a-dismorfia-corporal/

https://tvefamosos.uol.com.br/noticias/redacao/2021/07/01/shawn-mendes-revela-ter-sofrido-com-dismorfia-corporal-apos-fotos-seminu.htm

https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/megan-fox-as-revelacoes-da-atriz-que-alimentam-discussoes-sobre-corpo-perfeito,a97194d188f51dcc03c42da96520f7fa96yjh06n.html

https://capricho.abril.com.br/beleza/lili-reinhart-fala-de-dismorfia-corporal-causada-pela-acne-e-obsessivo/