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Você é quem um dia sonhou que seria?

Atualizado: 18 de fev de 2023

Quando eu era criança, sonhava que seria médica, que me casaria logo que terminasse a faculdade e teria dois filhos.

Por volta dos quinze anos, continuava firme no propósito de fazer medicina, mas passei a sonhar também que além de médica, um dia seria escritora.

Posso dizer que, aos quarenta, sou a mulher que minha versão menina um dia imaginou que eu seria. Estou onde gostaria de ter chegado. Mas o caminho até aqui não foi nada fácil e é claro que ainda sonho com muito mais.

Os sonhos nos movem.

Vim de uma cidade pequena do interior de Minas Gerais, de uma família humilde. A vontade de fazer medicina surgiu cedo, por conta da admiração que eu tinha pelo único médico de lá na época. Ele era atencioso e, em todas as vezes que precisei ser atendida, me tratou com respeito e carinho, compreendendo muito mais do que as enfermidades que eu apresentava, mas minhas angústias de criança. Queria ser como ele.

Não tinha muita noção do que precisaria para conseguir me formar médica, mas imaginava que teria que estudar bastante.

Por essa razão, me dediquei com afinco à escola. Quanto mais o tempo passava, mais certeza eu tinha do que queria para o meu futuro. Mesmo dando o melhor de mim, ouvi de muita gente que aquilo era ilusão, que eu jamais conseguiria chegar aonde queria, que era melhor desistir daquele sonho impossível.

Palavras tão cruéis me machucavam, no entanto ao invés de me desestimularem, só me fizeram desejar ainda mais alcançar os meus objetivos. Queria provar para mim mesma, e para os que desacreditaram, que eu era capaz.

Aos quinze anos, já era uma apaixonada pela literatura e ao conhecer a escrita da Clarice Lispector, fiquei tão encantada, que passei a sonhar que um dia, além de médica, também seria escritora. E, sabe de uma coisa? Quando acreditamos em nossos sonhos e os transformamos em objetivos, corremos atrás, fazemos a nossa parte, até o que parece improvável começa a acontecer. Foi assim comigo e pode ser assim com você também.

Quando terminei o ensino médio, sem condições de me bancarem estudando fora, meus pais decidiram que seria o melhor para toda a família se mudássemos para uma cidade maior, onde eu e meus irmãos tivéssemos mais oportunidades. Eles acreditaram em mim e nunca serei grata o bastante por isso.

“Palavras tão cruéis me machucavam, no entanto ao invés de me desestimularem, só me fizeram desejar ainda mais alcançar os meus objetivos. Queria provar para mim mesma, e para os que desacreditaram, que eu era capaz.”

Aos 19, depois de um ano e meio de cursinho pré-vestibular, pesando apenas 45kg, porque estudava tanto que mal comia, passei em terceiro lugar para a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia. Obstinada, me dediquei intensamente ao trabalho sem ser valorizada, o que me levou a ter síndrome de Burnout, doença que quase acabou comigo. Foi quando, para ajudar no tratamento, comecei a escrever, relembrando aquele desejo de adolescente. A escrita me salvou e não demorou para o que era apenas hobby se tornasse minha segunda profissão.

Nessa época eu também enfrentava outro dilema: casada há três anos, não conseguia engravidar. Depois de inúmeras tentativas frustradas, de ter tido endometriose e sido submetida a uma cirurgia para tratá-la, engravidei de gêmeos. Quase morri após o parto, por conta de uma hipotonia uterina tardia, no entanto sobrevivi para poder ver meu casalzinho tão desejado, que hoje está com cinco anos, crescer e encher a minha vida de alegria.

Foram muitas lutas, porém cheguei aonde queria. Ainda tenho sonhos que desejo realizar, mas estou feliz, orgulhosa de mim mesma por minha trajetória e perseverança. E estou dizendo tudo isso como depoimento, para que você nunca deixe de acreditar em si mesma e não permita que os outros lhe digam que não é capaz. Você pode ser tudo o que quiser, desde que acredite, corra atrás e não desanime diante os obstáculos que surgirem.

Existe um ditado em inglês que adoro, ele diz: onde há vontade, há um caminho, que seria o equivalente ao nosso “querer é poder”. Deixe essas palavras guiarem sua vida.

Sonhe alto, minha amiga, pois se você acreditar, de verdade, o céu será o limite! Seja a mulher que um dia sonhou que seria!

Beijos e até a próxima!

Renata R. Corrêa para a coluna Universo feminino

Encontre-a no Instagram: @renata_rcorrea