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- O Boneco da Suzy
Já dizia o velho e bom doutor, no alto do seu conhecimento e altruísmo louvável, que a solidão dói demais para quem padece de um singelo abraço fraterno. Sejamos mais iluminados em busca do amor ao próximo, sem julgamentos e contestações, sejamos mais elevados e parecidos com o Deus que cultuamos, que nos socorre nos momentos de dor e apreensão, quando já estamos tão fartos do nosso egoísmo que quase desistimos de nós mesmos… Deixemos as mãos limpas do sangue de outrem; do pecado insano que nos acomete e que nos mata um pouco a cada dia. Sejamos fortes diante do testemunho da fé, que outrora nos entrega desgosto e engodo, em um misto de intolerância e ódio. Perdoa-nos Pai, por não conseguirmos ter empatia pelos que vestem a roupa da profanação, da heresia e da blasfêmia, sem medo e sem pudor, sem respeito e sem pena do amanhã que carregaremos com os ombros calejados de tristeza pela morte prematura do cordeiro que serviu aos delírios de um monstro que gosta de “abraçar”… Alguns dizem que o fim dos tempos está próximo; perguntemos à Suzy, entre uma carta e outra, o que ela acha… By Cris Coelho
- Não deixe o samba morrer…
Na semana que antecede os preparativos para a grande festa, em uma terça-feira vulgar, de um tempo que se define apenas como expectativa da alegria que se apresenta mais à frente, escuto o som estridente da campainha dos fundos. Penso ser alguma entrega fortuita, dessas que servem para nos fazer lembrar de tudo que não precisamos, mas ainda assim, compramos. Pois bem, fui atender a porta de serviço, já pronta para estender os braços em busca de tal encomenda ou de alguma carta sobre impostos ou multas de trânsito, quando vejo a expressão de agonia do Seu Zé, o faxineiro de meia idade do prédio antigo em que habito, neste bairro concorrido no meio da cidade mais populosa do país. Ele gritava pedindo ajuda para a empregada da vizinha, dizia que a coitada estava morrendo e que eu teria que ir vê-la. Gelei por completo e paralisei por alguns segundos. Disse que não era médica e que seria mais útil ao telefone, pedindo ajuda para os órgãos que desconheço, entrando em uma dinâmica que não faz parte do meu mundo, mas que é o procedimento para estes momentos. Interfonei para o porteiro, que me avisou que já havia chamado os bombeiros e que agora era questão de esperar. Não me contive dentro da segurança sufocante do meu sagrado lar e fui ver a senhora que estava prestes a morrer, fui para tentar consolá-la até o auxílio chegar; fui para segurar suas mãos enquanto as mesmas ainda estivessem quentes e com movimento. Rezei em silêncio para que ela ainda estivesse por aqui e para que não se despedisse desse mundo na minha humilde presença. A cada passo em direção à porta que fica em frente à minha, meu coração acelerava um pouquinho mais e minha respiração diminuía como um pandeiro que se torna lento em um ritmo fúnebre e gelado. Entrei, finalmente, na casa da vizinha, com sua cozinha branca que parecia enorme, até chegar na sala de estar, onde vi a cena que havia tentado fugir com toda covardia que me acompanhava até esse momento. Ela estava estirada no sofá da sala, totalmente imóvel e com seus dedos já roxeados nas extremidades. Ao me aproximar, avistei um último movimento do seu corpo em busca do ar que parecia não chegar aos seus pulmões. Um barulho de suspiro misturado com uma rouquidão molhada inundou a sala e percorreu as extremidades de seu gelado corpo, como se sua alma dissesse adeus ao seu corpo. Vi a vida desta simpática mulher ir embora em uma fração de segundos, de uma forma doída e triste, em uma cena que jamais esquecerei. Neste momento, uma vizinha se dizendo médica veio correndo socorrê-la juntamente com o zelador do prédio. Eles colocaram a moça de meia-idade no chão da sala e começaram a empurrar seu tórax para dentro do peito, em uma busca desesperada de fazê-la voltar para a vida que a havia abandonado de forma agonizante. Eu sabia que os movimentos repetitivos eram desnecessários pois sua alma já havia saído do seu corpo, embora sua presença ainda se notasse no ambiente. Passados vários minutos de agonia, três pessoas ainda tentavam, em vão, ressuscitar o plácido coração da senhora branca de cabelos encaracolados e expressão doída, e foi quando eu senti aquele ar gelado passar por mim na forma de um arrepio constante e seco, com um barulho de ressoar de um tamborim bem suave, que sinalizava a saída definitiva desta senhora para outro um outro lugar, um bem longe dali… senti meus pelos se arrepiarem e seu corpo, de repente, começou a tomar uma outra forma, como se estivesse mais compacto e mais carnal do que nunca. Percebi que sua essência havia ido embora, não restava mais nada dela ali, a não ser seu corpo pesado e enrijecido. Era o fim de uma história que se desenhava bem ali na minha frente, que findava o ciclo de um alguém que tinha um sorriso largo em todas as vezes em que nos encontrávamos na retirada dos nossos lixos, na corrida rotina que nos engole e nos torna “frios”, tão frios quanto o corpo que agora acoberta os quilos inúteis da ex-doméstica da minha vizinha de porta de serviço… Entendi naquele momento que aquele convite feito pelo Seu Zé, para ajudar a empregada que se sufocava com a gota de ar que havia se desprendido de suas pernas após a cirurgia de varizes, que acabou por levar-lhe a vida, era, na verdade, um convite para que eu presenciasse a maravilha que é a vida, que nos é entregue de presente e que nos é tirada a qualquer momento, sem explicação ou contestação. Entendi que nada fiz por aquela mulher, apenas admirei com tristeza a sua passagem. Mas ela fez muito por mim, ao me convidar para assistir o “espetáculo” da sua morte; aquele que eu jamais gostaria de ter presenciado, mas que muito me ajudou a olhar para tudo o que me cerca e a valorizar cada tragada de ar nos meus pulmões. Sigo esta caminhada com a presença da Kátia em um espaço valioso na minha memória, aquele me fará lembrar sempre da importância da VIDA que compartilho com os que tanto amo. By Cris Coelho
- Os Novos Profissionais do Mercado
Os futuros profissionais do mercado são curiosos, transformadores, excitantes e múltiplos. Eles são “híbridos” em toda a dimensão que isso possa representar; são ousados e destemidos. Eles estão completamente fora da curva de aprendizado tradicional e destacam-se pela capacidade de transformar o que parecia impossível. São os profissionais que se posicionam apesar do tom prateado dos seus fios, das suas roupas desencontradas com a moda atual e da sua forma menos estratégica de lidar com o desconhecido mundo laboral. São autênticos, mas nem tanto assim, pois são menos estratégicos, mas não burros. Sabem a diferença entre um embate político em uma rede social e em uma entrevista de emprego. Sabem contornar suas dificuldades iniciais e driblar a falta de algum recurso, seja ele linguístico ou tecnológico. São os profissionais que cedem à simpatia quase irritante de um “bom samaritano” que realmente procura ajudar o próximo em uma luta quase que diária para suprimir sua vontade de furar a fila e a sua bondade em perder horas explicando o que lhe parece óbvio demais para ser explicado… Os profissionais que se ajustam ao desajuste de sistemas impossíveis de serem absorvidos são os que passam para a próxima fase, são os que prosperam e os que ganham o bônus de serem contratados. Se eles permanecerão na empresa? Para esta resposta será necessário entender o mercado, não eles… By Cris Coelho
- Natal de Abacaxi
Todo Natal é a mesma coisa: pessoas gastando um dinheiro que não têm, para dar o que ninguém quer, para quem não precisa. Tem também aqueles que se declaram de forma icônica para os consagrados amigos de pouca ou longa data, de pequena ou enorme importância, mas obviamente necessários para esta data tão especial, que é o nascimento de Cristo, nosso salvador. Há também os que se lembram nesta data que Jesus existe e, mesmo que se esqueçam durante todo o ano de infinitas maldades cotidianas, ainda são capazes de dizer palavras bonitas ou de enviar alguns restos de ceia para o porteiro humilde que sempre os cumprimenta, mas que nunca recebe um obrigado genuíno (a não ser, é obvio, na ceia de Natal)… Há os que brigam com a família o ano todo, mas na noite de natal, quase por um reflexo viciante, daqueles que não se consegue deixar escapar, fogem para aninhar-se ao ninho repleto de outros abutres chatos e cafonas, mas necessários para o sustento da fé e das fotos familiares tradicionais em um evento caricato e essencialmente desforme para os dias urgentes que vivemos. Não se pode tocar em assunto de política, ainda que desejem a morte de algum político corrupto, seja ele de extrema direita ou de extrema esquerda, é de extremo mau gosto desejar mal a qualquer ser, afinal no dia de Natal (e no seguinte a este) desejar mal é um pecado imperdoável! E se você não é religioso, também não importa. Não importa de onde veio, para onde vai ou o que vai fazer depois daqui. Não importa realmente se você é praticante de rinha de pitbulls, violador de criança ou um assassino cruel. Hoje é dia de Natal, então você receberá seu indulto de natal. E Natal é época de amor e caridade. Natal é vermelho e tem Papai Noel. Natal tem árvore decorada, neve, trenó e renas que voam. E no Natal todos se tornam pessoas melhores… será? Na dúvida, vou rezar para acabar logo esse Natal de Abacaxi que a cada ano se torna mais ácido e com menos calda. Vou também pedir ao Pai para os perdoarem mais uma vez, pois obviamente eles não sabem o que fazem. E, por último, vou oferecer ao menino Jesus minhas mais sinceras desculpas por não conseguir amar o próximo mais distante como deveria, apenas os “próximos bem próximos” ou os próximos com patas, penas e caudas. Feliz Natal!!! By Cris Coelho
- Atrás das Nuvens
Atrás das nuvens se escondem meus diversos segredos, todos encobertos com o dom da minha vaidade e com a perversidade dos meus pecados. Estão ali, escondidos de mim e do mundo que construí para esse novo “eu”, que caminha descalço em terras desertas, sem destino certo e sem garantias de receber o bônus que havia encomendado naquela época em que era apenas uma menina indefesa… Foi ali atrás, depois das nuvens cinzas, que escondi as verdades sinceras que me faziam mal, que perturbavam a minha mente inquieta em busca de consolo, e que me diziam a todo momento, o quanto meu pranto era insuficiente para apagar as marcas que havia deixado naquela estrada batida de terra… Foi ali, entre os vales com pouca luz e o desfiladeiro estreito que enterrei os segredos que minha alma carregava, aqueles que não quero lembrar enquanto estiver caminhando com estas pernas faceiras e com esses pés cheios de calos, que pisam a terra úmida e suave do novo caminho que escolhi percorrer; do caminho seguro e providencial que acolhe minha nova verdade e que canta o hino que escolhi para o enredo da minha nova vida. E sigo feliz com essas novas verdades que se encaixaram na minha mente anestesiada de tanto tentar esquecer. E as minhas verdades antigas? Estas nem eu consigo mais encontrar; elas estão presas dentro daquelas nuvens densas e pesadas. Das nuvens que bloquearam a minha visão para que eu pudesse seguir um novo rumo. Fui! (Seguir…)
- Cadê o Aquaman???
O último filme da saga dos Vingadores foi realmente impactante! Confesso que não sou a melhor pessoa para falar sobre o filme, já que me perco bastante nesse universo de super heróis cheios de poderes e esperanças, mas vamos lá: Logo no começo quem “chega chegando” é a nova mulher-maravilha do pedaço, a gatíssima loira que se chama “Capitã Marvel”; acho que ela foi inventada há pouco tempo e é tipo um super homem na versão mulher, melhor dizendo (a mulher maravilha perderia com certeza em uma queda de braços com ela…). Com a Capitã Marvel na nave, os outros tripulantes passam a ser meros coadjuvantes porque ela é tão, tão poderosa que pensamos: Porque ela não veio antes, Meu Deus???? Bom, fato é que, apesar de muito super mega blaster poderosa ela não pode ficar no planeta Terra porque tem uma galáxia inteira pra salvar, então ela coloca pilha nos novos amigos super heróis e se manda!!! Nesse momento eu já começava a perguntar para a minha filha: “Cadê o Aquaman???”, e ela dizia que ele não faz parte dessa franquia. Não acreditei muito nela e preferi continuar a esperar aquele espetáculo cheio de músculos que em algum momento surgiria do fundo dos oceanos mais profundos… Os anos passam na história deprê em que os super heróis ainda vivenciam a dor de cotovelo da derrota para o grande vilão Thanus, que diga-se de passagem, é bem vilão de história em quadrinhos: grande, forte e com cara de mau (aff). Já o super herói principal de todos os filmes, o “Super Homem de Ferro” está muito bem, obrigado. Pela primeira vez em todas as películas que acompanhamos sua vida cansativa e cheia de conflitos intermináveis, ele curte a companhia da sua mulher linda com uma filhinha encantadora. Ele tem uma vida perfeita e o universo parece ter conspirado a favor da sua sorte, ao contrário dos outros depressivos da história… Voltando para os super desestimulados heróis, o Capitão América continua bancando o nerdão com um otimismo típico de coroinha de igreja, daqueles tão otimistas que irritam… a Viúva Negra, que nesta fase da história poderia chamar-se viúva “ruiva iluminada” em uma mistura de Sansa Stark com Daenerys, continua linda, loira e magra, claro que com um olhar mais triste, mas igualmente cativante (todos nós adoramos ver uma mulher com a pele lisinha e um cabelo com brilho, não é mesmo?), o mesmo não ocorre com o super herói, que na minha opinião era o melhor de todos: o maravilhoso Thor. Quando vi o Thor… juro! Me deu vontade de levantar e ir embora do cinema!!! Muita sacanagem o que fizeram com o coitado do Thor: ele aparece bêbado, gordo, largado e viciado em videogame! Derrota total!!!! É claro que, nesse momento, eu perguntei de novo para a minha filha: “Mas cadê o Aquaman???” Só ele pra salvar esse planeta agora!!! Voltando para os super heróis deprimidos da franquia, eis que o homem formiga ressurge e passa a ser um super herói aliado, uma espécie de salvador da pátria, que convence todos a voltar no tempo. Eles tentam, mas só mesmo o “Super Homem de Ferro” pra conseguir bolar e executar em tempo recorde uma plataforma que os leva para outras dimensões (nem sei explicar como eles conseguem entrar na linha do espaço-tempo para voltar e resgatar os super heróis zumbis que tem que voltar de qualquer jeito…) , mas essa parte já era esperada por todos, então nem considero spoiler… Bom, pra encurtar a história (porque 3 horas de filme de super heróis ninguém merece, mas paga por isso), todos os super heróis que tentam salvar o mundo pela segunda vez, são massacrados (de novo) pelo Thanus e seu exército: o Homem de Ferro tenta, mas não leva, o Capitão-otimista América apanha “pracarai” e também não leva e o Thor… ai nem vou falar do gorducho-bêbado porque ele não é mais o mesmo depois desses 5 anos que se passaram na história, é tão triste… se ele apanha? Claro! não consegue nem carregar direito seu próprio martelo! Aí, quem vocês acham que chega chegando (de novo) para salvar os super heróis já quase aniquilados??? Ela! A super mega blaster top Capitã Marvel!!! Aplausos!!! Ela bate muito no Thanus, mas também apanha bem (alô Lei Maria…) só que não leva o título!!! Ela recebe a ajuda de um exército de outras mulheres heroínas super empodeiradas, em uns cinco minutos de formação feminina (thundercats eu tenho a força), mas não são elas que finalizam a guerra! Até aparece uma heroína voando em um cavalo branco alado (oi?), que me deixou bem confusa sobre as heroínas, achei até que a bêbada era eu, mas não, é uma outra “nova hermana” na parada. Aí vocês devem estar se perguntando: “E o Aquaman???”. Então: quando as heroínas quase conseguiram e no final não conseguiram, uma onda de água fez um paredão e eu tive certeza de que ele ressurgiria das profundezas do inferno da “concorrência heróica” para salvar esse mundo do Thanus, com seu tridente mágico e seus músculos poderosos. Mas não… era só mais algum vilão que o Dr. Estranho com cara de quem está com gases conseguiu evitar. Mas, para resumir, resumir (desculpem, a história tem 3 horas!!!): quem ganha a partida, quem leva o título, quem tira onda na cara da sociedade é o “Super Homem de Ferro”. Não, não é uma mulher super heroina e empodeirada… no final do filme quem salva o mundo é um homem! hahahahaha. Porque este filme fala de super heróis! Heroínas são adjacentes no contexto da trama, meros artefatos com corpos esculpidos, sem celulite e pele tratada que tem poderes limitados ou extremos, mas que não têm a força necessária para salvar o mundo. Uma das fêmeas até se matou para dar a sua cota de sacrifício rosa, mas as lágrimas foram direcionadas para o “Homão da Porra”. Engraçado foi terem colocado um super herói gordo e dependente de álcool, em uma decadência tão grande que nem ser rei do seu próprio planeta ele quis mais… foi brincar de dono da nave com o outro amigo, um super herói do segundo escalão (aquele bonitinho do filme da mulher verde e do homem-árvore, lembram?), parecendo um menino de 12 anos! E eu achava que ele ia terminar o filme dizendo: “O que eu vou fazer agora? Vou fazer dieta e treinar!!!”. Mas e as heroínas gordinhas, latinas ou negras? Não vi nenhuma… Aliás, vi em 2 segundos a irmã do Pantera Negra, que por sinal, coitado, foi mega coadjuvante no filme, quase emplacando o mesmo tempo que a mulher do cavalo alado e o homem-árvore (Sei se ganha prêmio no Oscar não, hein….). Brincadeiras à parte, o que vi foi um filme com super heróis brancos e magros, em sua predominância. Também percebi alguns momentos super forçados para demonstrar empatia pelas causas politicamente corretas que a sociedade clama. Mas o final é bem previsível e o recado bem óbvio: Thanus não vai destruir esse planeta, ele já está destruído.
- Minha Cota, por favor…
No mundo laboral estamos sujeitos a todo tipo de norma, leis e regulamentos. Somos inseridos em um sistema de avaliação constante que requer enquadramento e superação de metas. No mundo laboral, concorremos a cargos que precisam de candidatos “ideais”. E quem seriam esses candidatos “ideais”? Engana-se quem pensa que “ideais” são os mais preparados para a execução do labor proposto, seja ele colorido ou monocromático… porque o ideal para um cargo pode, simplesmente ser, sem falsa modéstia, o quem tenha melhor visibilidade dentro do aspecto político da empresa. E por política entende-se neste contexto: aquilo que faz brilhar mais aos olhos de quem me favoreça melhor. Desta forma, seguimos contratando os que vislumbramos vencedores pelo aspecto físico, assim como faziam os homens das cavernas há milhões de anos atrás… Porque não importa realmente qual o seu nível de fluência em inglês ou quantas especializações você fez, se hoje você não pertence ao gênero feminino, você já tem uma desvantagem natural na luta por um lugar ao sol no coração desta empresa privada, com regulamentos claros e justos, mas enquadrados no modelo político-social do momento. Enfim, nada mudou de fato no recrutamento das empresas, só mudou de corpo… Cris Coelho * Nota: o número de mulheres menos capacitadas que alguns homens para ocupar determinados cargos aumentou consideravelmente em função da escolha deliberada pelo sexo feminino para ocupar estas vagas. Isto porque, para as empresas ficarem “bem na foto social”, é necessário contratar mais mulheres e menos homens. O quadro de funcionários “azuis e rosas” deve ser equiparado em tempo recorde para que haja uma tolerância social em consonância com a nova ordem política. ** Nota 2: Não sou contra a ocupação de cargos de poder pelas mulheres, inclusive sou uma mulher, extremamente capacitada! Meu ponto é a observância do exagero para a outra ponta, para a exclusão de homens que são melhor qualificados para alguma função só pelo fato de serem homens. *** Nota 3: A igualdade de direitos começa com a igualdade de oportunidades.
- As coisas que eu vi…
Eu vi o tempo passar por mim como se eu não estivesse ali… vi pessoas me julgando, pessoas que queriam meu bem e outras nem tanto. Vi o Mundo se mover de forma estranha, de forma cruel; vi muitas brigas pelo caminho, desentendimentos e orgulhos feridos. Vi a desilusão no rosto de quem jurava acreditar, a descrença de quem pregava a sua fé em todo dia santo, na casa de contemplações, na famosa praça do Centro. Vi os sonhos de alguns familiares caírem por água quando o filho pródigo mostrou que não era tão especial assim, nem tão bom e nem tão devoto quanto se esperava. Vi as mazelas de tantas traições consumirem os órgãos perfeitos dos que eu amava e os transformarem em produtos da doença do século, daquela que mata mais de desgosto e desamor do que de nicotina ou outras químicas… Vi a angústia tomar conta dos mais velhos, que já não encontravam razão nas palavras de ordem desta nova sociedade, cheia de objetivos bonitos e preconceitos velados. Vi os álbuns de fotografia serem substituídos por artefatos digitais, desses que nos fazem enaltecer uma beleza que estava aí, mas que não refletia a nossa verdadeira emoção. Vi episódios de louvor e clemência; vi derrotas e falhas, choros e lamúrias, mas vi também histórias de fé e superação; vi nos olhos dele a vontade de mudar, de fazer tudo diferente, se tivesse outra oportunidade… Vi o tempo passar tão rápido que parece que não consegui aproveitar direito a beleza que é viver ao lado deles, dos meus amores mais plenos. Porém, vi seus sorrisos quando pensavam na história que construímos, quando se lembravam de nós em todos os momentos alegres que desfrutamos, no breve espaço de tempo que nos foi permitido compartilhar nosso amor, e isso bastou para acalmar meu coração angustiado por perfeição. Vi muitas coisas nesta jornada deliciosa chamada “vida”. É certo que o caminho nem sempre foi fácil, mas continua sendo foi muito, muito prazeroso percorrê-lo ao lado deles, dos meus amores… Fui! (Continuar minha caminhada…)
- “Eu Mesma”
Quero acreditar que posso ser melhor que eu mesma; quero poder ser aquilo que sonhei: a melhor de todas, a mais rápida, a mais esperta… e sempre que chego nesta bifurcação, encontro milhões de razões para duvidar dos meus planos. Não são metas ousadas, mas, muitas vezes, são obstáculos muito distantes para as minhas pernas curtas, e são difíceis de alcançar porque uma parte de mim não quer realmente seguir este caminho, o caminho que os outros traçaram e me seduziram a seguir nele. Lá no fundo da minha alma, anseio por um caminho mais suave, um com sombra e brisa para me aconchegar nos momentos em que eu me sentir cansada, naqueles em que eu estiver pensando em desistir. Não vou desistir de trilhar o caminho que eu escolhi, mesmo sendo mais distante da casa dos meus amigos de caminhada, afinal, é o caminho que me leva ao lugar que eu escolhi chamar de “lar”. Esse lar que em nada se parece com a casa dos sonhos deles, faz com que eu me lembre a todo momento o quanto sou melhor que eu mesma, em um duelo que parece não terminar nunca, onde a única pessoa que precisa de clemência ou, ao menos, uma “trégua”, sou eu mesma. Porque eu posso sim ser tudo aquilo que sonhei, posso ser a melhor de todas as minhas versões, incluindo a mais esperta e a mais rápida. Basta querer e parar de duvidar de mim mesma. Porque o tempo inteiro sempre foi sobre isso: “eu mesma tentando encontrar meu caminho”. Fui! (Acreditar…)
- Não me dê parabéns…
Não me dê parabéns, me proteja. Não me congratule pelo dia de hoje, me respeite. Não me dê sua cortesia, me entregue minha carta de alforria. Não me homenageie, me promova. Não me coloque em um pedestal, me entregue suas armas e lute ao meu lado. Não me classifique como frágil, me dê coragem. Não me intimide, me aceite. Não me diga o que fazer, me diga como você gostaria que fosse feito e eu te digo se será desta forma. Não me cale, me escute. Não me classifique, me dê neutralidade. Não me coloque em um lugar restrito, me liberte do seu egoísmo. Não me demonstre esse desejo explícito, me olhe, me corteje e espere que eu te diga “sim”. Não me bloqueie, me deixe seguir. Não me anule, me permita ir além. Não me machuque, me deixe viver. Fui! (Lutar…)
- Nós
Quando escuto sua voz, lembro-me de quem eu sou e do caminho que percorri para chegar até aqui. Percebo que fui mais forte do que imaginei, mais suave do que precisava e mais corajosa do que sensata. Não pude ver meus méritos porque estava ocupada demais para me vangloriar das pequenas vitórias que angariava pelo caminho torto que minha vida havia me levado. Era eu, em uma versão muito mais dura, que tentava gritar dentro de uma bolha de vidro chamada lar; e era esse mesmo lar que me acorrentava e me prendia a você, em lembranças de tempos que não voltam, mas que também não entardecem e não envelhecem. Sou eu, sua amiga que agora clama por um pouco mais da sua companhia, envolta em memórias e conversas sem importância, com tempo de sobra para jogarmos fora, nesse imenso vaso de rolhas de vinho colecionáveis, que vão durar mais que nós mesmos e menos que nossas histórias… Tornamo-nos plenos nesses momentos que parecem durar uma eternidade, mas que se vão em segundos. Tornamo-nos grandes no amor que nos conecta, no elo simples que liga nossas almas a uma imensidão de nós mesmos e tornamo-nos gratos quando percebemos o quanto foi bom estarmos aí, ao lado um do outro, mesmo com tudo que enfrentamos, apesar da vida e apesar de nós… Fui! (amar você…)
- Diversidade
Ainda espero por seu sorriso, pelo abraço apertado e pelo olhar condescendente, cheio de afeto e concordância. Queria ouvir, ao menos uma vez, que eu estava certa sobre as minhas convicções. Queria poder admirar a passividade das suas ações frente à assertividade das minhas verdades, daquelas verdades que deveriam ser universais, se o mundo não fosse um lugar tão complexo para se viver… Seria eu mais feliz, se pudesse andar livre ao lado dos meus iguais, todos com o mesmo pensamento e vivência; todos colocados dentro do mesmo universo mágico e dolorido que compartilho com as lembranças de uma infância especialmente desenhada para mim. E dentro dessa alma livre eu iria semeando minhas palavras com todas as exclamações possíveis e, claro, sempre ocultando as estrofes dos discursos dos outros que não combinassem com a melodia das minhas rimas, que estariam entre aspas ou entre parênteses providenciais… Porque o mundo, com certeza, seria bem melhor se tivesse o mesmo tom para todas as peles e o mesmo estilo de roupa para um único armário. Esse seria o mundo ideal criado dentro da minha mente egoísta e cujas cicatrizes de desamor deveriam ser revestidas pelo pó da vergonha, já que não existiriam barreiras a serem ultrapassadas, em uma sociedade de um mesmo indivíduo sistematizado em vários “iguais”. Mas o mundo não é do tamanho da minha prepotência, o “Mundo” é muito, muito maior, que os limites que eu insisto em impor aos outros habitantes desta mesma terra chamada vida. E por esse mesmo motivo, ele não pode ser unificado em uma única nação, com o mesmo hino e apenas um “perfil adequado”. Fui! (Agradecer as enormes diferenças que me cercam e me ensinam…)


















