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  • “Até Mais”

    Tantas despedidas fomos obrigados a vivenciar neste ano de 2020 e, em todas, aquele aperto no peito que nos gritava para não deixarmos ir embora aquele que sempre foi tão próximo… despedimo-nos de quem amamos e choramos as perdas dos nossos como uma criança chora a perda do seu brinquedo preferido. Fomos obrigados a olhar para a casa vazia sem a presença deles, sem seus perfumes e suas cores; fomos até onde suportamos e alcançamos o insuportável limiar da dor, que insiste em nos dizer que “acabou”. Mas, ao acordarmos no dia seguinte, escutamos alguém nos dar bom dia com o mesmo tom de voz que eles costumavam nos dar; experimentamos uma comida com o tempero similar ao seu e gargalhamos das piadas que se parecem muito com o tipo de humor que eles compartilhavam rotineiramente conosco. Soubemos que era uma forma deles estarem perto de nós, quase que nos dizendo que estava tudo bem, que não os teríamos da mesma forma que os tínhamos antes, mas que sim, ainda os teríamos. E isso é o que importa. No decorrer da nossa estrada acabamos acreditando em tantas histórias, em tantas possibilidades e em tantas verdades, e então, por que não crermos que esse adeus se trata apenas de um “até mais”? Não temos certeza de nada na vida nem na morte, mas acreditamos fielmente no sentimento que nos une à eles. Somos nós quem saiu de cena na estrada das suas vidas e não eles, protagonistas faceiros da sua própria história, que, acreditem, não acabou, apenas mudou de palco… então, os convido a sorrirem neste Natal em em todos os próximos Natais. Os convido a homenagearem a existência dos que lhes são tão caros, seja deste lado ou do lado de lá do caminho. E os convido a acreditarem que nossas despedidas são meros “até mais” e nada mais do que isso. Fui! (Esperar pelo “mais”…)

  • Um Mundo para Reinventar

    Criemos nossa própria fórmula de sucesso e façamos com que dê certo desta vez. Vamos seguir por esta trilha sem nos importarmos se o resultado vai ser aquele que julgamos ser o melhor, porque o que era melhor antes já não é o que vai nos fazer mais felizes. Vamos separar os sentimentos que nos entristecem e deixá-los reservados para os momentos de lamento e dor, que devem ser degustados no porão da nossa casa matriz, sempre que precisarmos nos lembrar de como era sufocante aquele instante em que não encontrávamos o afago de quem tanto nos é importante… Salvemos nossa alma dos desgostos cotidianos, que nos envolvem e nos maltratam, que enfraquecem nossa autoestima e que nos trazem falsas esperanças por vinganças sem sentido. Façamos algo em prol da nossa boa fé na humanidade, onde possamos crer que nela habita um pouco de boa gente, sempre esperando pelo nosso melhor sorriso. Entreguemos aos nossos Deuses a esperança de dias melhores, mas façamos nossos dias mais produtivos a cada desejo criado, a cada vontade genuína e a cada suspiro de “quero mais”; sejamos nós os responsáveis pelo rumo da nossa vida, sem viés político ou casuísta, sem contraposição ou manipulação. Sejamos os donos da nossa vontade e busquemos a verdade tão cara e distante, que costuma se esconder fortuitamente nos arbustos da nossa vaidade, mas que está ali, nua e crua, esperando ser encontrada. Vivamos um novo ano com criatividade suficiente para nos reinventarmos ainda melhores e, se não for possível alcançarmos as melhorias esperadas, que consigamos, ao menos, viver um novo ano com sabedoria para aproveitar o melhor que restou em nós depois da tempestade que sobrevivemos. Fui! (Viver 2021 com toda vontade, criatividade e gratidão…)

  • “Acolha-me”

    Dentro do seu sorriso encontro razões para voltar; dentro dele apaixono-me pela pessoa que eu costumava ser, aquela com as cores vibrantes da minha alma nada ortodoxa e cheia de todo caos que consigo armazenar nos limites da minha subserviência… É abstrata a minha rotina, mas verdadeira minha busca. É virgem minha mensagem de benevolência, mas torna-se turva todas as vezes em que sublevo meu propósito, transformando-o em algo perverso e deliberadamente vulgar. Sou eu, em milhões de pedaços diminutos que tento encontrar uma forma de refazer-me, e que anseia por um caminho de volta, ainda que seja mais longo ou que tenha mais trânsito. É minha atitude intempestiva que me faz seguir adiante, mesmo com todas as milhões de cores invadindo meu espaço sagrado; mesmo com todos os problemas que eu invento para me auto sabotar. Sou eu, em uma versão cheia de bossa que agora grita para parem esse trem e me deixem descer na próxima estação, naquela que me fará encontrar meus amigos de caminhada, que deveras já devem estar adormecidos pela minha demora, mas que ainda me acolherão com toda vontade que lhes é peculiar. E ao saltar na estação, sou saudada por eles, minha compaixão, minha resiliência e minha força de vontade, que me fazem caminhar com passos certeiros a caminho do meu destino final; e eles aproveitam para me lembrar o significado da minha existência, ressaltado através do sorriso faceiro das pessoas que passam por mim sem nem perceberem o bem que me fazem… Fui! (Sorrir…) #carrossel

  • “Ela”

    “Ela” buscou um pouco de si para dar a muitos; refletiu o espírito de aventura e jovialidade que gritavam seu nome, cada vez em que entrava no palco dos prazeres masculinos, em consonância com a adoração fortuita que toda uma sociedade elegeu para seguir, no ritmo frenético de uma dança que parecia não ter fim… “Ela” se reprimiu em sua essência mais genuína e revelou seu ar mais teatral em alto em bom som, em cada gemido providencial que soltava quando estava acompanhada de seus muitos admiradores. Ela se cuidou e exagerou; mutilou-se e estragou parte do que a natureza lhe conferira com boa vontade e generosidade. “Ela” se agrediu em milhões de dietas, esticou, descoloriu e amassou seus cachos em busca do perfil das gringas, e tentou crescer com a ajuda de plataformas que lhe conferiam poder e calos. “Ela” foi em busca de uma posição no mercado de trabalho e encontrou sorrisos e acenos carinhosos; ouviu um tanto de coisas que, ao final do dia já não encontrava defeito ou maldade verdadeira; passou a achar que era normal servir sua beleza produzida em pratos pequenos, a serem servidos durante mais um jantar de sexta; fez-se de muda, de surda, de cega. “Ela” entregou boa parte da sua saúde ao primeiro homem que tirou sua virgindade, outra parte para um tanto que a penetraram sem preocupação se ela estava gostando, querendo ou apenas servindo. A parte saudável que lhe restou, “Ela” deixou para poucos, apenas para aqueles que conseguiram compreender o que a fazia sorrir de verdade. “Ela” caminhou um tanto até alcançar um lugar de aconchego, nos braços do seu sofá, recheado de conforto e proteção, e longe de todos que precisam admirar o lado bonito que ela sempre mostrou. Ela fingiu ser feliz em um mundo desenhado para mulheres atraentes e fez-se de sensual quando só o que queria era um abraço sincero e um saco de pipocas bem grande ao lado de alguém que lhe estendesse as mãos (e nada mais). “Ela” queria ser ouvida e queria ter oportunidades reais, mas sabia o preço que teria que pagar para continuar. Resolveu, então, desistir de tudo e entregar-se ao mundo cinza dos sonhos em que hibernava uma “Ela” plena de si e não escrava dos desejos dos outros. E foi quando, de repente, viu um grupo de outras “Elas” gritarem indignadas do lado de fora do pequeno bairro em que vivia, clamando por justiça e condenando os olhares, as palavras e os gestos inapropriados que definiram toda uma geração de fêmeas doutrinadas para o prazer de uns, em detrimento da escolha delas. “Ela” hoje consegue escolher seu caminho, com a certeza de que não precisará suportar o peso do assédio que sofreu por toda sua vida… Fui! (Lutar…)

  • Minhas Dores

    Rezo a Deus por mais tempo ao lado dos meus, mas evito pedir que me dê mais tempo comigo mesma, em uma oportunidade para ter uma conversa franca com minhas dores e agonias do passado. Elas pertencem ao passado, mas estão presentes no meu dia a dia, enchendo minha cama com um peso três vezes maior que meu corpo, corroendo as esperanças que tenho de um dia encontrar paz e fazendo com que meu futuro se torne mais turvo e mais carregado que as nuvens espessas de uma tarde de tempestade. Peço calma para a minha mente inquieta, que insiste em revisitar os desagrados que sofri e os que provoquei, tento controlar minha respiração ansiosa e procuro encontrar um meio de conectar-me comigo sem precisar visitar algumas salas escondidas no sótão do meu mais profundo sofrimento… Sou eu, em um milhão de pequenos pedaços, que agora suplica por misericórdia e que quer sair do papel de vítima, que há tempos habita meu imaginário conturbado. Não fui eu quem começou esta guerra, mas com certeza sou eu quem faz com que ela sobreviva no inferno de emoções que cerca minha vida feliz. Peço, de novo, ao meu bom Deus, que me dê um pouco mais de tempo ao lado dos meus, para que me distraiam de mim, em um compasso de alegria e fuga da minha realidade. E termino por buscar consolo nos braços de estranhos, que nada têm a ver com a poesia delicada que habita minha alma, mas que reverenciam o lado mais raso dos meus sentimentos, com águas mais calmas e um sorriso mais encantador que o olhar de dúvida que habita a profundeza do meu mar de emoções. Fui! (Tentar conversar com minha história e olhar para as minhas dores…) #carrossel

  • Os Alicerces Estruturais

    Construir um novo Mundo com bases revolucionárias pode parecer esperançoso para o futuro da humanidade, mas evidentemente trata-se de uma utopia imaginar que nós, seres apenas humanos, conseguiremos transmutar as dobras incontáveis do nosso cercado cheio de espinhos intransponíveis. Somos seres adaptáveis a um ambiente minimamente conhecido e gostamos de rotina, de segurança e de alicerces estáveis, ainda que entediantes. Ainda estamos engatinhando na arte de nos reinventarmos e seremos alimento fácil para nossos instintos mais selvagens, quando iniciarmos nosso movimento em busca de retratação social pelos pecados dos nossos antepassados. Escutamos expressões como “racismo estrutural”, “machismo estrutural” e diversas “fobias ligadas ao sexo ou gênero do outro”, além de milhões de outros temas, tão urgentes e necessários, diga-se de passagem, que nos convidam a pensar sobre nosso comportamento e, mais além, que nos convidam a examinar nosso próprio discurso de ódio, que sai de nossas bocas absolutamente sem intenção alguma, mas que chega a um alguém de uma forma avassaladora. Muitas vezes, esse alguém nem se dá conta do seu próprio sofrimento, pois já internalizou a metamorfose louca desta vida insana, que nos diz que nicotina é bom para calmar os nervos, da mesma forma que nos convém acreditar que um colégio só de brancos é algo ligado à sorte ou meritocracia ou qualquer outra coisa do gênero. A verdade é que ainda nem começamos a aprender o real significado de irmandade, pois extraímos do próximo aquilo que nos convém e entregamos pedaços vazios de educação, simpatia e desdém, em doses alternadas, de acordo com nosso humor. Não foi à toa que em um período de pandemia, em um cárcere forçado, acabamos por ver refletida nesta cela absoluta, a silhueta do outro, que passou a gritar para que modificássemos nossa estrutura inteira, mesmo sem saber o quanto de nós levaria embora e o quanto estaríamos dispostos a entregar. Qualquer mudança, ainda mais “estrutural” nos causa desconforto, nos leva a um cenário vasto de possibilidades assustadoras e nos confere a nossa impossibilidade de manter a soberania, conquistada há anos com o sangue dos avós daquele menino que hoje adentra a sala de aula com mochila cor de rosa e sua pele escura. E, de repente uns tornam-se culpados por crimes que não foram educados a compreender que faziam, da mesma forma que tornam-se vítimas outros que nunca foram educados a entender que seu lugar nesta sociedade é outro; que é um lugar ao lado e na frente, jamais atrás. Mas os de trás continuarão a reclamar e buscarão, um dia, reinventar a matemática para apontar, no futuro, os erros cometidos hoje, dentro de suas visões de mundo discrepantes, latentes e enviesadas. Sem otimismo, ouso dizer, em um discurso ácido e direto, que não há esperança para povos que precisam de outros para adubar suas inférteis terras. E, é com pesar que digo, que não haverá mudanças estruturais tão significativas, pois toda mudança necessita de um querer genuíno, que não está à venda, pois deve ser produzido; e seu processo leva algumas gerações ensanguentadas para ficar pronto. A guerra social está só começando, e se você não sabe ao certo onde está no meio disso tudo, fique tranquilo: ninguém sabe mesmo como mudar essa estrutura imensa composta por privilégios, ordens, poder e mágoas. Sangraremos em prol de uma nova sociedade, mais justa, mais fraterna, mais equilibrada. E também menos humana. Cris Coelho

  • Ah… que saudade!

    Queria poder dizer que adoro o novo mundo que se apresenta diante dos meus cansados olhos, mas não consigo me emocionar com as cores neutras que expõem as novas verdades com gosto de comida processada e com pouco sal… Vejo conhecidas de caminhada se perderem em discursos moralistas e socialmente empáticos, tentando sobreviver em meio ao temporal de conceitos que nos obrigam a olhar sempre em uma mesma direção. Gosto do controverso e acredito no atrevimento pungente que estimula os opostos, que desvirtua o bom e que exalta o diferente; mas percebo o eco dissonante que interrompe nossas vozes com um saber majestoso e castrador. Somos reféns do sexo feroz que fizemos quando éramos crianças; parimos um bebê desnutrido que ganhou força com os nutrientes que aportamos e, quase sem querer, somos surpreendidos com este ser enorme, que nos ordena calar com a crueldade da ameaça velada que incita apagar nossas memórias e nossas antigas crendices. Não podemos tocar nossa música no volume alto a que nossos ouvidos estavam acostumados porque sua melodia magoa aqueles que nem sabiam da sua existência, não podemos dançar aquela dança porque seus passos se confundem com gestos obscenos e não podemos vestir aquela camisa porque a frase que foi impressa na peça se confunde com a bandeira política do partido de oposição ou de predileção (já não sei!). Não podemos mais manifestar nossos desejos e nossos receios, não podemos ser quem queremos nem ler o que gostamos. Somos neutros e cinzas, somos rasos e centrais, somos sombras de um passado e desertores de um futuro libertário. Ressaltamos tanto a escravidão passada que nos tornamos os próprios escravocratas de nosso ser digital. Caminhamos a passos largos para um modelo mais inquisitor e castrador que nossos antepassados jamais conheceram. E o pior é que muitos de nós acreditam que estamos revolucionando o mundo… na verdade, estamos apenas deixando de existir como pessoas que têm opinões sobre o mundo, os fatos e si próprios. Cris Coelho

  • Quero Voltar para Casa

    Quero voltar para o meu lar, meus amigos, minha cidade. Depois de tanto tempo vagando por este mundo enorme, encontrando diariamente a solidão que inunda minha vida de nicotina e comidas gordurosas, depois de tantos projetos inacabados e outros fracassados, depois de “tanto”, quero desprender-me da minha busca em prol do lugar perfeito. Não quero mais morar no melhor lugar, ao lado dos melhores hospitais e colégios; ao contrário, quero morar perto da praia, da lagoa e da minha mãe. Quero ver meus filhos crescerem no lugar que tanto amo, com o Cristo abençoando seus passos sempre que saírem de casa no perigo iminente que esta grande cidade traz. Quero saborear as delícias que ainda existem nessa empobrecida cidade, que está suja e descuidada, mas que ainda carrega uma beleza natural, como a uma mulher que se descuidou mas que ainda conserva seus traços irregulares e lindos… Quero poder abraçar os que me são caros, sem ter que me programar tanto para um momento que pode nunca mais acontecer. Quero poder cuidar da minha saúde com o mesmo compromisso que minhas amigas de caminhada, com o peso da culpa só por segurar um cigarro fortuito em minhas mãos; quero trocar minha dose de whisky por um shot de suco verde ou um gole de água de coco e quero, mais do que tudo, poder escutar o meu sotaque através dos áudios das outras mães, comentando sobre os problemas cotidianos com um som mais parecido com o eco que existe no fundo da minha mente. Quero rir da vida que passa despercebida por mim sem me preocupar se o trânsito vai estar insuportável, porque se ele estiver, terei a vista da minha lagoa para apreciar no caminho de volta para casa. E quando sentir-me vazia ou nostálgica, poderei visitar aquela tia que já não se movimenta, só para agradecer por seu amor e dizer-lhe que não se preocupe comigo, pois irei desfrutar ao máximo o tempo que tenho, no lugar que mais amo, ao lado dos meus. Fui! (voltar para minha casa…)

  • Estratégias para o Mundo Digital

    Vivemos em uma nova era. Isso todos já sabem; o que todos parecem ainda não saber é como conviver socialmente neste novo mundo, repleto de tentações a cada novo dia, a cada novo post… Somos reféns do nosso ego, que por vezes vence a guerra entre “devo” e “quero”, em consonância com o “penso, logo digito”. E é nesta toada que segue a boiada, sempre apoiada na temática da própria ciência, alicerçada nos pilares do que ingeriu nos últimos 5 minutos de aprendizado digital. Porque, segundo Karnal, o conhecimento atual não chega a ser conhecimento, mas pura e simples informação agregada; junto-me a ele para acrescentar que a “digestão” desta informação também não é mais necessária, ou eficaz, pois as conclusões são igualmente absorvidas por nossos telespectadores virtuais, perfazendo o mesmo caminho midiático que a televisão ocupava nas mentes dos aspirantes à cultura itinerante. Ainda sob a édige do ego, temos a figura dos novos talentos influenciadores, aqueles que não caminharam nem um décimo do caminho dos que os seguem, mas que foram eleitos dignos de minutos devotados em prol de sua rotina alimentar, de exercícios, ou mesmo de filosofias torpes e inconsistentes sobre o segredo do sucesso, no caso, do seu próprio. São armadilhas poderosas que nos roubam a atenção, efeitos pobres de edição de textos e memes pouco engraçados fazem parte da nossa busca desenfreada por distração, em meio a tantas opções menos agradáveis, que servem de consolo mental ver tais exemplares da natureza tentando transmitir sua imagem bonita, por vezes engraçada, mas sempre consciente neste mundão de Deus, que esquecemo-nos por vezes dos conselhos dos nossos avós, que visavam alertar-nos sobre a vida que realmente vale à pena. Claro, nossos avós não viveram nesta época, e os que ainda estão entre nós apenas tentam sobreviver à ela. Mas, se analisarmos mais de perto perceberemos que existem semelhanças entre o mundo antigo e o novo, afinal, nossa maior aflição ainda está em sermos aceitos pelo outro, ainda que o outro seja um alguém totalmente incompatível com as suas crenças e valores. Então, seguimos com este ideal, abrindo caminho para o novo comportamento, que não mede esforços para convencer ser bom aquilo que jamais usaremos de fato no nosso dia-a-dia. Porque “aquilo” faz parte da vida de outra pessoa e jamais servirá em nosso corpo, pois jamais seremos “tamanho 36″… E quando nos perdemos no universo infinito da vida deles acabamos encontrando, por vezes, algumas sábias escorregadas e desvios providenciais, como a festa que uma linda e magra influencer compartilhou em suas redes sociais. Deparamo-nos com um império de marcas que deixaram de patrocinar a vida plena da menina bonita e lemos uma enxurrada de críticas à conduta nada ilibada da moça que desrespeitou um dos códigos civis mais importantes: a empatia ao próximo. E no enredo deste filme, que mais poderia ser uma comédia da vida real, encontramos razão nas palavras da vovó, que nos dizia em português claro e arcaico: “tome cuidado com quem você escolhe para idolatrar, pois quando eles escorregarem e caírem em seu próprio ego, você verá que as pessoas são apenas humanos tentando resolver seus problemas neste mundo, assim como eu e você”. Então, ao caminharmos nesta estrada rumo ao aprendizado digital, que promove a busca de seguidores, ampliação de tráfego e leads, conversões do seu produto, serviço ou, em última instância, da sua proposta, temos que entender que não se trata deles, influencers ou marcas, mas de nós, consumidores deles, que temos que entender sua importância e seu valor na nossa vida; e, quase sem querer, devemos parar de aplaudi-los sem motivo aparente e só “consumi-los” quando os pudermos digerir adequadamente, como um livro que optamos ler porque nos fala algo com significado e toca nossa alma de verdade. Cris Coelho

  • Os Divórcios Depois da Quarentena

    Já pensaram em quantos casais que simplesmente não se suportam foram obrigados a dividir o mesmo teto por ininterruptas 24 horas, dia após dia, com chuva ou sol do lado de fora das suas janelas, aguentando TPM e mau humor, gases e procrastinação das intermináveis tarefas domésticas? Este é o provável cenário de muitos casais que não estavam preparados para enfrentar um isolamento social, “juntos”. Isto porque muitos aguentam seus parceiros às custas de saídas com amigos, casos extra-conjugais, terapias intensivas, horas em shopping ou academias, ou todas as alternativas descritas. São os mais novos reféns do “casamento por obrigação”, aquele pelo qual não te obrigam a casar, mas tem mantém preso à ele até que a conta bancária cresça o suficiente para ser compartilhada ou que um fato muito importante aconteça como divisor de águas profundas, como por exemplo, um amor irresistível e avassalador. A vida parece mais leve quando os problemas que aparentemente não têm solução são camuflados com doses homeopáticas de almoços regulares com familiares igualmente cansativos, mas essenciais para ditar a norma que faz o trem deslizar por seus trilhos. E assim, sem mais nem menos, aparece uma avalanche de emoções chamada “pandemia” onde os antigos affairs são obrigados a dividir novamente o mesmo espelho do banheiro da suíte, mas agora com a luz acessa e todas as rugas e calvícies expostas em alto e bom zoom. Para quem tem filhos o drama ainda pode piorar, pois o mínimo isolamento que seria possível dentro de umas poucas paredes desaparece no mesmo instante em que o pedido de comida, estudo, cuidado, brincadeira ou obrigação soam como uma sirene de fábrica, obrigando os bons funcionários a ocuparem seus postos, lado a lado, com hora marcada para o lazer fortuito. E o lazer? É o momento em que ambos se encolhem no canto do sofá, buscando entretenimento nas redes sociais, rindo do caso bobo que nem tem tanta graça assim, mas que é o que diverte quando pensam que depois das notícias tristes sobre o vírus ainda terão que encarar horas na cama, ao lado de quem já não desperta vontade alguma de bagunçar o leito sagrado, que mais se parece com um mausoléu do inferno, um bem frio e seco, sem carícias e sem vontade. Aguardam ambos a hora de sair de casa, cada um para a sua vida secreta, onde experimentam fantasias e vivem a realidade que lhes é possível, sem lamentos e sem obrigações ensejadas. E eis que é chegado o momento de dirimir as dúvidas que restaram e abdicar do conforto do lar ceifado de amor e carinho. Agora, a Coronavírus abre as portas para uma nova vida à parcela de mal-casados que passou sua quarentena quase sem respirar também, onde lhe faltaram as doses necessárias para seu corpo funcionar como deveria. E os novos solteiros aprenderam em sua clausura a lutar para chegarem ao grupo de risco com um sorriso no rosto e muitos anos felizes catalogados em sua história de vida… By Cris Coelho

  • A Sociedade que Não Aprendeu

    Infelizmente somos obrigados a evidenciar a triste realidade da sociedade em que vivemos. Uma comunidade doente socialmente, onde pessoas não conseguem equilibrar em sua rotina de vida o bem-estar dos outros no mesmo nível que o seu próprio. Temos presente uma sociedade que adora gritar por seus direitos, mas que desrespeita sem pudor, os direitos óbvios dos que estão a menos de 50 metros de convivência. Precisamos cada vez mais de leis que nos limitem a dizer somente o aceitável, como se fosse o inaceitável digno de ser proferido em ambientes públicos; precisamos de leis que nos impeçam de exagerar no álcool se formos dirigir, que nos impeçam de tocar nos corpos de outrem, que nos limitem a comprar enormes quantidades de produtos em um período de crise. Precisamos de leis que preencham a lacuna da deseducação que recebemos enquanto nossos pais estavam ocupados demais com a própria poupança ou com a situação emocional dos seus relacionamentos amorosos… precisamos de novos pais, bem mais autoritários, para nos ajudarem a guiar nossa vida com uma dose certeira de civilidade, tão fora de moda nos dias atuais! Pagamos advogados e psicólogas para nos ajudarem a ajustar o que nunca deveria ter saído dos eixos, mas que saiu, e não há discurso de bem nem oração que faça voltar. Agradecemos o mal que não nos pegou, mas esquecemos de lamentar pelo mal que ofuscou a vida dos que estão próximos. Costumamos voltar nossas atenções para as crises que vêm e vão, mas não nos percebemos causadores de muitas delas, das que são causadas com e-mails impetuosos, com ligações ríspidas, com gritos histéricos das nossas varandas, onde expelimos nosso ódio pela ideologia, aparentemente burra, do nosso vizinho de prédio. Pagamos um absurdo a escritórios de arquitetura para que nossas casas virem um palácio, cheio de armários impecáveis e piso moderno, mas esquecemo-nos de questionar se o tempo curto estimado para a obra é compatível com um mínimo de conforto sonoro para a comunidade que estamos recém-adentrando. De novo, precisamos de regulamentos que determinem quais horários podemos fazer obras em nossas casas, como se já não fosse claro que qualquer quebradeira o dia inteiro é humanamente insuportável… O que está em falta na sociedade atual não são somente “respiradores”, como percebido na grave crise do Coronavírus, mas algo muito, muito mais importante, que é o “respeito ao próximo”, algo tão imprescindível e necessário em um mundo que precisa de leis e regras para impor o que deveria ser gratuito e fácil: a empatia. Fui! (Refletir…)

  • A Redoma do Vírus

    Outro dia me perguntaram virtualmente, como eu estava tratando a questão da pandemia com os meus filhos. Respondi imediatamente: “da forma mais dura e alarmista que consigo”. Não tardou para que eu recebesse os conselhos, também virtuais, para moderar sobre a quantidade de carga emocional que meus filhos poderiam ou conseguiriam absorver. E é claro, fui questionada sobre a legitimidade do meu ato, uma vez que meus filhos são crianças e não adultos prontos para uma “guerra”. Expliquei que as minhas ações eram realmente duras diante do caos que nos encontramos; não obstante, nunca deixei de me preocupar com a sua saúde mental e o que estavam conseguindo realmente absorver neste nevoeiro de emoções, cuja realidade mais parece um filme futurista sobre o colapso da humanidade. E sim, é exatamente sobre isso que estamos falando: “o colapso da humanidade”. Colocar meus filhos em uma posição confortável em meio ao pânico em que a sociedade inteira vive, não os ajudará em absolutamente nada; ao contrário, os fará mais fracos diante da inevitável dor que é crescer neste planeta cercado por pessoas que ignoram a consequência dos seus atos em prol da degustação de um prazer incessável… Por esta razão, resolvi aproveitar a oportunidade de uma guerra de verdade, uma em que somos obrigados a nos esconder em nossos “bunkers”, para fugir de um vírus mortal que assola o mundo inteiro e que, se o pegarmos poderá nos matar pela improvável possibilidade de nos tratarmos em qualquer hospital, para ensinar a meus filhos uma das verdades inexoráveis da vida: que precisamos nos planejar para viver o amanhã com saúde, conforto e proteção. Sem planejamento não conseguiremos “chegar lá”. Para isso, acrescentei algumas novas rotinas na ajuda domiciliar que já exerciam, como  limpar os banheiros e fazer faxina no quarto; as tarefas mais básicas, como arrumar suas próprias camas, jogar a comida fora e lavar a louça, eles já faziam, então não “doeu” tanto assim… Escolhi momentos silenciosos para questionar sobre seus sentimentos, aqueles que estão lá, escondidos no meio de tanta confusão mental, mas que precisam sair um pouquinho para respirar, ainda que seja nos corredores curtos do nosso aconchegante apartamento. Questionei-os sobre seus medos e inseguranças. Quis saber de onde vinham suas angústias mais ácidas e enxerguei lampejos de lágrimas em meio à risadas fortuitas que só uma criança sabe dar, quando se encontra imersa no meio de um deserto de atividades… Fiz com que aprendessem a racionar a comida, que sempre foi tão abundante na nossa casa, mas que, em algum momento próximo poderia vir a faltar. Expliquei a diferença entre os produtos não-perecíveis, os perecíveis e os “super-perecíveis”. Estabeleci estratégias de consumo e de divisão. Organizei sua alimentação para que nada, absolutamente nada faltasse para eles. Mas expliquei que, mesmo com todos os cuidados que eu o o pai deles estávamos tomando, muita coisa poderia faltar. Joguei a dura realidade que é “sobreviver” no colo de quem nunca teve que se preocupar nem em tampar a pasta de dentes que por vezes ficou aberta, endurecendo em cima da pia do banheiro deles. Não os poupei de assistirem ao noticiário e verem os governantes do planeta sem saber ao certo que medidas deveriam tomar, pedindo por respeito em um mundo essencialmente egoísta para entender a sutileza desta palavra tão importante; não os poupei de respirarem o ar contaminado com a nossa amargura pelos fatos que não podemos controlar e, por fim,  não os poupei de compartilharem a nossa preocupação por não sabermos como será a evolução do comportamento, não do vírus, mas do ser humano frente a esta calamidade. E, diante de todo pessimismo aparente, consigo fazê-los encontrar esperança no passado, quando cito os vários parentes que enfrentaram outras guerras, os que passaram fome, os que fugiram de nazistas, os que foram massacrados por misérias, pestes e avalanches, os que foram vítimas de balas perdidas e achadas, os que foram machucados pela sua opção sexual e os que se machucaram por não conseguirem mais viver neste mundo em que habitamos, sem saber ao certo qual é a nossa missão aqui. E com as histórias tristes que angariamos do passado e com a realidade assustadora do presente, talvez, só talvez, consigamos nos planejar para termos um futuro melhor. E se precisarem de ajuda no futuro, podem contar com meus filhos. Eles estarão vivos e preparados. By Cris Coelho

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