Nosso mundo acabou e agora temos que seguir com novas roupas e um novo protocolo. Somos obrigados a mudar e a nos adaptar em meio aos caos que se instaurou na nossa rotina. Somos nós quem vamos ditar as cores da nova estação que estará estampada nas roupas que usaremos nas próximas décadas; provavelmente a moda será um mix de várias coleções passadas, repaginadas para o novo momento de consumo mundial, onde o novo será um reflexo de tudo que já foi criado e experimentado. Seremos nosso próprio salão de beleza ambulante, que faremos as vezes de cabeleireiros, manicures e depiladores; de certo, não faremos muito bem nenhum dos papéis propostos, mas nos esforçaremos para encontrar um meio termo entre uma tintura mal-feita e uma cutÃcula maltratada. Nossos cortes ultra-modernos e os tons loiros serão artigo de luxo, para um mercado que certamente estará acima do nosso nÃvel financeiro. Nos tornaremos cozinheiros de mão cheia e inventaremos nossas próprias receitas. Aprenderemos a cozinhar o que antes acreditávamos ser impossÃvel. E, quando for mesmo impossÃvel nos sobressairmos melhor que aquele restaurante famoso, teremos a opção de encomendar sua deliciosa e já não tão cara comida, afinal, todo produto e serviço vergonhosamente caro será transportado a uma nova realidade econômica, para um mundo onde só os justos sobreviverão. O conceito de marca será transformado, assim como o conceito de luxo e conforto. Será valorizada a empresa que optar pelo conceito do reciclável, do verde, do saudável. Será visto com bons olhos pela nova sociedade as marcas que expuserem sua preocupação com a qualidade de vida de uma sociedade sustentável, que se alimenta de insumos mas que não os extermina para isso. A preocupação com o bem-estar estará ligada aos pilares do afeto, da moradia confortável e da segurança com a saúde. No quesito afeto serão a famÃlia e os amigos mais próximos que preencherão o vazio da solidão, e que, ironicamente, se conectarão com mais frequência dentro da própria casa, através de um contato visual genuÃno do filho com a mãe, ou através dos vários contatos virtuais com os amigos de longa data, que sempre estiveram ali, a dois toques do celular... As moradias serão transformadas em lugares de referência, onde ainda restará um consumo legÃtimo, ainda que consciente, em prol do conforto e da estabilidade emocional dentro das poucas paredes que conterão os sonhos de liberdade que sempre sonhamos. A liberdade será absorvida de outras formas e com outros moldes. Por certo, existirão viagens, aviões e hotéis. Mas serão artigos de luxo, desenhados para momentos super importantes, em um ou dois episódios durante a jornada de vida dos novos humanos. Será a saúde, o passaporte mais desejado na nova era pós-pandemia. A forma com que as pessoas se relacionarão, a forma com que farão suas transações econômicas, com que trabalharão, como se alimentarão e praticarão exercÃcios, tudo será relativizado em função do pilar da saúde. O monitoramento de todo sistema do indivÃduo será compartilhado e o custo da sua saúde determinará a sua sobrevida neste planeta. Sua genética alinhada aos hábitos saudáveis, sua capacidade em se adequar à s novas circunstâncias, seu contentamento diante do que não pode ser mudado e, por fim, a qualidade da sua saúde mental determinarão seu espaço na nova sociedade. O ser humano terá sua habilidade em fornecer ajuda avaliada com sua necessidade em absorver essa mesma ajuda. Serão escolhidos os que conseguirem atingir um equilÃbrio dentro da nova cadeia de consumo; aqueles que melhor se adaptarem e que melhor entenderem como será a nova vida que se apresenta, serão os que ditarão o ritmo do novo século que foi recém-inaugurado. E os que não o entenderem? Esses ficarão para trás, obsoletos e ultrapassados, como um "bip" que já não terá utilidade nem energia para dialogar com os futuros humanos que habitarão este novo mundo.
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