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Mais nada…

Se me perguntarem o que quero mais da vida, responderei: “Mais nada…”, porque o que eu queria não era nada do que eu tenho e o que eu tenho, ou tive, é tudo o que eu sempre precisei para viver. As pessoas que desejei em minha cama não compartilhariam hoje das minhas dores ou desventuras. Os filhos perfeitos não me encheriam de tanto orgulho quanto os meus imperfeitos mais incríveis e únicos.

Não, eu não quero nem preciso de mais nada. Nada que não seja costurado com a trama enrolada da minha vida de extremos ou com as linhas lisas e beges do meu cotidiano sem graça. Quero assim, bem morna a vida que passa em frente a uma novela da tv, ou ao som de uma das canções do Roberto.

Porque quando penso na vida que eu planejei para mim há anos atrás, simplesmente, não consigo me enxergar dentro dela. Talvez, se eu tivesse me tornado uma outra pessoa, construído outra história, poderia ser feliz dentro daquele plano. Mas hoje, sou feliz assim, na casa cafona que eu mesma decorei, com as recordações que angariei pelo caminho, com as história que fazem parte de mim.

Não quero mais nada do que eu já quis. Não quero mais ser um alguém que já não consegui ser, ou que não quis ser. Não quero mais nada que não converse com a minha alma confusa e solitária, não quero mais nada que me faça sair da minha rotina saudável e mais nada que me proíba de passear pelos andares infestados de nicotina, se assim eu desejar…

Não quero mais brigar comigo porque eu não telefonei para aquele amigo, ou porque eu me esqueci dele. Não quero ter que “mais nada” que me tire o sono ou me cause mágoa.

Quero, ao contrário, que o “mais nada” faça parte dos meus planos, guie meu impulso consumista e meu desejo de controle. Que esse “mais nada” me ajude a apreciar o “meu tudo” que é tanto, mas que se esconde atrás dos desejos mais inóspitos e vazios, de um querer sem sentido…

Fui! (escolher o meu “mais nada”…)

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