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O Vento

Depois de tanto tempo, de tantos caminhos percorridos, encontro razão nas palavras soltas que escutei do vento, neste longo inverno em que não consigo enxergar sua presença ao meu lado. Ele me dizia que não adianta buscar sua gargalhada nas esquinas da minha memória, pois estas não serão altas o suficiente para alegrar o meu dia. Mas, também me dizia que, se eu prestar bem atenção, vou encontrar você na sutileza do meu sorriso espontâneo, misturada com a dose de deboche e ironia que sempre nos pertenceu, de uma forma que continua sendo só nossa.

Esse mesmo vento, que gela minhas extremidades cada vez em que sou surpreendida por uma canção que você adorava, faz com que eu reflita sobre a minha própria história, de onde parti e para onde pretendo ir.

É ali, no espaço sagrado do meu sentimento mais profundo, com um pouco do arrependimento de tudo que poderia ter sido e não foi, somado à saudade constante que sinto do cheiro do seu shampoo, misturado com o gosto da comida que você me fez adorar, que encontro a versão mais próxima da história que construímos.

E quando o vento chega assim de repente para me saudar, percebo que é você que vem, em segundos fortuitos de carinho e nostalgia, beijar meu rosto e dizer que me ama, independente do dia e do lugar em que você está…

Fui! (Sentir o vento gelado abraçar meu corpo com seu cheiro…)

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