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Obrigação na maternidade



Sabe quando você se torna mãe e descobre um universo colorido de pessoas repletas de certezas e teorias do que existe de melhor e inovador na maneira como você toma decisões sobre o seu filho? Então, desromantize.


Eu tive três filhos. Tudo bem que um chegou pronto, com dois anos e todo ajustado para funcionar de uma maneira, mas eu fiz parte dessa educação e contribuí com todos os pontos necessários e desnecessários para que ele se moldasse e se tornasse o rapaz lindo que é hoje.


Sim, eu gosto de lamber minhas crias. Podem me julgar.


Eu disse: escolhi ser mãe. Mergulhei de cabeça e quase me afoguei, mas sobrevivi. Por isso posso chegar aqui e te dizer: respire.


As teorias são lindas e os fóruns servem para mães fingirem que são incríveis, vivem um comercial de margarina e merecem a sua atenção, enquanto outras preferem se colocar no lugar das desesperadas ansiosas por tais conselhos quando sabem que não seguirão, mas isso não pode ser dito nas redes sociais, correto?

"Cada família é uma história, carrega a sua própria digital e não existe a mais certa e a mais errada. Existe a família. Você não é obrigada a ser diferente ou igual. Na verdade, você é obrigada a ser você."

Claro, existem coisas incontestáveis, mas eu dei chocolate aos meus filhos com seis meses e o pediatra não foi contra. Também levei um dos filhos para a praia com quatro meses e tomei um lindo puxão de orelha, mas revelei uma foto incrível que até hoje olho e fico boba.

Então o que é certo ou errado nas suas escolhas?


No meu terceiro filho ouvi coisas como: “minha filha só come açúcar das frutas, será assim até os três anos.” “Meu filho não brinca em parquinho de praça porque tem muitas crianças sujas”, “Desde sempre ensinei a organizar os brinquedos” e tudo isso relacionado a crianças de um a dois anos.


Não, eu não estou dizendo que está tudo errado. Estou dizendo que cada família tem o seu esquema. Se na sua casa vocês comem doces, chocolates, gostam de festas e não se importam com frituras, como acham que será criar uma criança sem isso? E se na sua casa a organização fica para segundo plano, como criar uma criança organizada? E se você gosta de se relacionar, fazer amigos, sair, como conseguirá impedir que seu filho se suje no parque da praça cheio de crianças?


Deu para entender? A questão é: não se culpe. Você não é obrigada a se encaixar em um padrão. Você não é obrigada a seguir uma cartilha, aplicar o que lhe apresentam como o melhor, deixar de comer uma coisa que gosta muito - salvo se de fato for algo ruim não só para você como para o bebê - ou fazer com que o seu filho pareça mais com o filho da vizinha do que com você.


Cada família é uma história, carrega a sua própria digital e não existe a mais certa e a mais errada. Existe a família. Você não é obrigada a ser diferente ou igual. Na verdade, você é obrigada a ser você. O mundo seria mais feliz se todos pensassem assim. Os filhos não cresceriam com traumas, as mães não se curvariam com o peso da culpa e ninguém teria do que reclamar quando entendessem que mãe é um indivíduo diferente do filho, mas que eles formam uma família ao seu jeito.


Mães sofrem por situações como essa. Mães se culpam. E não deveriam. Existe um milhão de coisas mais importantes para dividir e auxiliar na construção do que será o seu filho. Fique naquilo que você julga importante. Trabalhe com o que você tem e não com o que os fóruns pintam como cenário perfeito.


Crianças engatilham, descobrem coisas com as mãos e a boca, observam, se divertem com coisas simples, como as caixas dos presentes. Crianças precisam de outras crianças e principalmente, precisam de exemplos. E exemplos não é a obrigação de não comer ou não sujar. Não é um colar que promete equilibrar a natureza da alma. Não é uma luz determinada no quarto ou o abandono no berço. Exemplo é o que existe de melhor em você e se você souber dar o seu melhor, sem peso, sem culpa ou obrigação, você saberá que fez um bom trabalho.


É sobre isso.


Tatiana Amaral para. a coluna Maternidade

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