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Uma garota de muita sorte



A vida perfeita de uma escritora começa se despedaçar quando um documentário sobre crimes faz com que ela confronte seu angustiante passado no colégio.

O filme “Uma Garota de Muita Sorte” traz Mila Kunis em uma de suas melhores atuações, interpretando Tiffani Fanelli, que prefere ser chamada de simplesmente “Ani”. A protagonista é uma jornalista com uma vida aparentemente perfeita, que vive uma crise de identidade às vésperas de seu casamento.


O drama aparece em duas linhas do tempo: passado e presente. No presente vamos acompanhar a vida perfeita de Ani que é linda, sofisticada, com um emprego dos sonhos em uma revista voltada para o público feminino e um belo noivo de família tradicional endinheirada de Nova York. Essa vida perfeita vai sendo desconstruída durante o filme para dar espaço à artificialidade de tudo que envolve o universo de Ani, demonstrando seu extremo cuidado em arquitetar uma mentira sobre tudo que envolve seu universo. A verdade é que Ani não é, em sua essência, aquela garota perfeita por quem seu marido se apaixonou. Esta versão foi planejada por ela minuciosamente para esconder uma dor latente que ela leva desde os 16 anos, quando passou por um episódio dramático na prestigiada Brentley School, que sua mãe, uma alpinista social, havia conseguido matriculá-la através de uma bolsa de estudos.


E é nesta toada que o enredo se desenrola, voltando ao passado, em doses homeopáticas, até o momento no passado em que tudo começou a ruir. Quando finalmente Ani se dá conta de que a vida dela, e ela própria, são a representação do ideal de aceitação que ela projetou sobre si própria, e que os alicerces deste muro foram feitos com base no medo que tinha de enfrentar certas circunstâncias, ela busca se libertar e viver a vida que o seu eu verdadeiro buscava.


Ani percebe que ela é uma espécie de reinvenção do que ela um dia foi, com o objetivo de enterrar um passado perturbador para permitir que ela viva sua vida distante do trauma. Porém, tudo começa a mudar quando um documentário sobre um tiroteio na escola da protagonista ressurge na vida dela adulta, prometendo bagunçar a vida que escolheu e passou a viver.


A história vai se desenrolando até atingir o assunto central da trama, que aborda a violência contra a mulher e os traumas subsequentes que permeiam as esferas sociais e relacionais de cada vítima. Os gatilhos que se instalam são tão poderosos que podem surgir anos ou décadas depois, reativando a memória sobre os abusos e fazendo com que a mulher reviva este trauma até conseguir superá-lo ou, ao menos, enfrentá-lo de forma adequada.


Por fim, o thriller de suspense e drama envolve sua audiência levando a crer que a personagem principal é a culpada de algo, o que é revertido de forma suave no decorrer dos 113 minutos. A atuação da versão jovem de Ani, (interpretada pela igualmente ótima Chiara Aurélia), também merece destaque, já que ambas são bem parecidas fisicamente e o tom dramático foi sempre mantido no mesmo nível.


É um filme que trata de temas pesados, com cenas fortes de violência sexual e assassinato, mas possui uma dinâmica suave nos momentos em que retrata a redescoberta do potencial feminino da personagem.


Vale muito a pena assistir!


Encontre-a no Instagram: @crisreiscoelho



Espero que tenha gostado da resenha e aguardo seus comentários no site da Revista Maria Scarlet: Revistams.com/uma-garota-de-muita-sorte/


Uma Garota de Muita Sorte (Luckiest Girl Alive – EUA, 07 de outubro de 2022) Direção: Mike Barker Roteiro: Jessica Knoll (baseado em seu romance) Elenco: Mila Kunis, Chiara Aurelia, Finn Wittrock, Scoot McNairy, Justine Lupe, Thomas Barbusca, Alex Barone, Carson MacCormac, Dalmar Abuzeid, Isaac Kragten, Gage Munroe, Jennifer Beals, Connie Britton, Nicole Huff, Alexandra Beaton Duração: 113 min.



Alerta gatilhos: estupro, bullying, violência com arma de fogo.



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