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Vamos desromantizar a gravidez? – Parte 1



Hoje eu trago aqui impressões que ouço sempre. Como convivo diariamente com centenas de mulheres e em sua grande maioria, mães, me sinto muito confortável para falar sobre o “estar grávida”. São tantos pontos, tantas conversas que não cabe em apenas um artigo.

Quando recebemos o resultado do exame e lá está escrito “positivo” as luzes se acendem, o sol brilha mais forte, flores caem do céu e você verdadeiramente se sente especial, correto? Não. Quer dizer, vamos pegar leve, para algumas pessoas, sim, é exatamente desse jeito, então não vamos chutar o balde e dizer que é horrível.


Já contei que sempre quis ser mãe, né? Por isso, sim, apesar de ter sido pega de surpresa todas as vezes, eu tive o meu momento de imaginar que de alguma forma eu brilhava e as pessoas percebiam alguma diferença em mim. Mas, para algumas mulheres é tipo: “Como assim? Eu não estou preparada para isso. Não foi o que planejei.”

“Conheço histórias de mulheres que não estavam prontas e abriram mão de sonhos para ter seus filhos e foi horrível tanto para ela quanto para a criança.”

Nós mulheres, somos sabotadas por todos os lados, e quando digo todos, são todos mesmo, inclusive por nós mulheres, que ao invés de nos apoiarmos, nos boicotamos. Por isso escolhi começar assim, pelo comecinho. Já falamos sobre querer ou não ser mãe e que está tudo bem qualquer uma das escolhas.


Aí você quer ser mãe, mas não naquele instante, não naquele momento ou não com aquela pessoa. E agora? Vou polemizar e trazer pontos fortes, os famosos gatilhos, tá legal? Mas, vamos desromantizar a gravidez, em especial, quando ela chega no momento errado da sua vida.


Vamos lá. Quem engravidou, se desesperou, chorou e não ouviu: “não quer, mas fez, né?”, “Na hora de fazer não chorou”, “Enganada não foi, sabe muito bem como se faz um filho”, e tantas outras frases que fazem você sentir vergonha do seu sentimento, que naquele momento é: eu não estou pronta.


E se você não está pronta, mas está grávida, só existem três caminhos:

1 Interromper a gravidez.

2- Reorganizar a sua vida e encarar.

3- Ter a criança e entregar para a doação. E agora?


Nossa, Tatiana, que coisa mais horrível! Você está querendo dizer que está tudo bem qualquer uma das situações? Sim, a resposta é essa. Nunca se esqueça: seu corpo, suas regras. Conheço histórias de mulheres que não estavam prontas e abriram mão de sonhos para ter seus filhos e foi horrível tanto para ela quanto para a criança. As estatísticas de depressão para casos assim são imensas. Por todos os motivos que você com certeza conhece, mas a mulher vivencia nove meses de gestação, um parto, anos de cuidados e um cansaço interminável, enquanto o pai continua os estudos, trabalha, se especializa, vira um problema e tantas outras coisas.

Você não está pronta, fato. Vai encarar? Outro fato. Não vai encarar, mas não tem coragem de abortar, acha que é assassinato, que não é seguro? No Brasil não é mesmo. entregar a adoção é outra opção. E eu vou te dizer, existem pessoas que fazem isso e se sentem bem, fizeram o melhor por uma criança que não vai crescer ouvindo que são a culpa de nada ter dado certo, mas existem pessoas que nunca vão se recuperar dessa decisão. Por isso, na minha opinião, ela é a mais difícil.


Agora vamos naquele ponto polêmico? Sim, você estava ansiosa para saber o que eu vou dizer sobre aquela palavra que só de falar aterroriza as pessoas, sim, o aborto. Vou começar dizendo que eu, Tatiana Amaral, sou espírita e como espírita, conhecedora da doutrina e praticante, não faria um aborto. Isso me torna melhor do que quem fez? Nunca! Lembrem-se, eu escolhi ser mãe, amo ser mãe e seguiria com a gravidez, com toda certeza, independente da situação. Por mim, por ser a minha escolha, por ser o meu corpo e por ser a minha vida.


Mas, e puxe bem esse mas, eu não julgo ou me esforço para desmotivar alguém a fazer. Então você é a  favor? Sim, eu sou. E explico: eu não faria, porque o corpo é meu. Você fez, faria ou pretende fazer porque o corpo é seu. E cada escolha nesta vida, seja ela boa ou ruim, tem suas consequências, que não vão caber a mim ou ao vizinho, ou ao padre, ou a quem quiser apontar o dedo e julgar.


A escolha cabe a cada uma de nós, mulheres, que sabemos como a vida segue depois de desses passos. O que vale à pena para você? Abrir mão de ser o que você quer ser, ter o filho de um parceiro abusivo, ou de um carinha que você nem lembra direito do nome ou enfrentar uma gestação desgastante por estar envolvida de uma maneira ruim com alguém?

“A escolha cabe a cada uma de nós, mulheres, que sabemos como a vida segue depois de desses passos.”

Finalizo com o que digo as minhas meninas, que é como chamo minhas leitoras…  Gravidez é sempre um presente, porque eu me sinto presenteada pelos meus filhos, mesmo com os problemas, com o que precisei abrir mão, com as tristezas e alegrias. Não é um conto de fadas, mas entendo e respeito quem não vai enxergar desta forma. Vocês sempre terão meu apoio e respeito, desde que cada escolha seja sua.


Tatiana Amaral para a coluna Maternidade

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