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Você já se perdoou?

Quando olho para trás encontro milhões de motivos para sorrir, mas também percebo alguns arrependimentos e mágoas que deixei pelo caminho. Quero ser próspera em todas as minhas vontades e quero ser aceita com todas as minhas singularidades.

Sou um ser carente e dependente e, ainda que me afirme o tempo todo como alguém livre de amarras sociais e vontades manipuladas, sou uma eterna prisioneira de todas as culpas que carrego na alma.


São feridas profundas que me incomodam todas as vezes em que paro e respiro um pouco na nostalgia do meu passado de ofensas e desamores a quem sempre me foi tão caro e especial… sei que para este tipo de dor não existe remédio, mas certamente existe cura. E a cura está justamente na nossa capacidade de nos perdoarmos.


Somos capazes de perdoar tanta gente, tantas ofensas e tantos desamores que encontramos no nosso caminho, mas, incoerentemente, não conseguimos suportar as falhas que tivemos com os nossos amores. Somos frágeis quando percebemos nossa maldade mais genuína, vista sob o holofote do futuro, quando já deixamos de vestir as roupas do passado e quando nossas atitudes presentes jamais refletirão aquelas que um dia assumimos.

“Não estávamos aproveitando o momento, estávamos sobrevivendo a uma partida, e isso muda completamente o foco do jogo. “

Não somos mais a mesma pessoa de antes, não estamos mais no mesmo estádio de futebol, naquele mesmo jogo. Várias partidas já aconteceram, vários cartões vermelhos já foram levantados e, muitas vezes fomos colocados no banco de reserva, quando esperávamos, ansiosos, o momento de novas convocações. Até o dia em que fomos mandados para casa, quando percebemos que o estádio estava vazio e as luzes se apagaram. E, em outro dia, sem ao menos esperar, nos sentamos na arquibancada, para acompanhar os lances dos novos jogadores e relembrar os momentos gloriosos das partidas das nossas vidas.

E assim seguimos, com o coração machucado e muitas vezes com a sensação de que poderíamos ter feito melhor; porém a nossa visão, na época, era a visão de quem estava em campo, com o calor da emoção e a vontade de fazer gol a qualquer custo. Não estávamos aproveitando o momento, estávamos sobrevivendo a uma partida, e isso muda completamente o foco do jogo.


Quando percebemos que nossas atitudes refletiam apenas a emoção de um único momento, conseguimos entender os pequenos erros que tivemos no percurso e o porquê de tantos golpes desnecessários em quem só queria jogar uma bola conosco. A favor ou contra é apenas uma narrativa que encontramos, toda vez que entramos em um campo cheio de desafios, supostos adversários, pretensos gols e muita energia para encontrar o nosso papel nesse jogo, chamado vida.


E você? Já conseguiu se perdoar?



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