Amor e outras expectativas
- flaviasantosalbuquerque
- 18 de mar.
- 2 min de leitura
Sempre me pergunto quando foi que me tornei alguém apta a falar sobre relacionamentos. Confesso que isso me parece uma loucura—tenho um divórcio no currículo, algumas histórias amorosas que não deram certo e agora um novo casamento que, em dias mais difíceis, me faz questionar se foi a decisão certa.
Afinal, sou do tipo que ama estar sozinha. Mas há algo que não dá para negar: em algum momento, todas nós sentimos a necessidade de sermos amadas.
A maturidade ajuda a enxergar padrões no amor e nos relacionamentos. Mais cedo ou mais tarde, nos deparamos com aqueles nós difíceis de desatar, aqueles que nos colocam cara a cara com a realidade nua e crua. Não o que vemos nas comédias românticas, mas aquela que Nelson Rodrigues descreveria com sua ironia implacável.
Essa realidade chega afiada como uma lâmina, cortando os desejos ingênuos e os delírios de um “relacionamento perfeito”. Não importa a idade do casal nem as experiências vividas: a rotina um dia vai pesar. Vai desgastar, esgotar, testar. Vai transformar promessas apaixonadas em desafios diários difíceis de engolir. Mas o que fazer para resolver e amenizar as coisas?
Bom, tudo que passei nesses 45 anos de erros e acertos e depois de muito observar, ouvir e compartilhar com amigas sobre as mesmas questões, posso dizer que detectei um grande padrão que pode causar inúmeros problemas nos relacionamentos mais apaixonados: a falta de diálogo sobre as reais expectativas de cada um.
Simples, não é mesmo? Parece que sim, mas então porque a maioria de nós não é honesto com seu parceiro falando sobre o que espera e precisa numa relação?
A verdade é que, na maioria das vezes, não somos totalmente honestas conosco. Indigesto, não?
Muitas vezes, abafamos aquela voz interna que nos diz que a pessoa com quem nos relacionamos não nos entrega aquilo que realmente esperamos. E é justamente aí que começam os atritos.
Saber o que você deseja de forma madura e honesta—e, mais importante ainda, compartilhar isso com seu parceiro em um diálogo aberto e sincero—faz toda a diferença. Da mesma forma, estar disposta a ouvir as expectativas do outro pode transformar a relação. No fim das contas, essa troca de verdades pode mudar completamente o jogo do relacionamento.
E você, querida leitora, já teve uma conversa sincera com seu par sobre suas expectativas? Expectativas financeiras, emocionais, de tempo e dedicação, familiares, sexuais, de crescimento individual e conjunto… sobre o amor e a paixão?
Se ainda não, talvez seja hora de olhar para tudo isso.
Não importa em que fase seu relacionamento esteja—sempre é tempo de abrir esse diálogo. Porque, no fim das contas, a relação só pode se fortalecer quando ambos sabem o que o outro espera. E mais do que isso: quando temos clareza para decidir se conseguimos ou queremos corresponder.
Nem sempre as expectativas se alinham, e está tudo bem. O mais importante é que, ao reconhecê-las, podemos fazer escolhas mais conscientes—seja para ajustar, negociar ou até seguir caminhos diferentes. Afinal, relações saudáveis não se sustentam em ilusões, mas em verdades compartilhadas.
Ive Bueno para a coluna Universo Feminino
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