O que escrever para começar este ano? Algo motivador, como “listas para fazer de 2025 um ano incrível”? Ou algo mais leve, do tipo “deixe rolar, não se cobre tanto”?
Ano passado, eu tinha tantos planos. A lista era enorme: coisas que queria realizar, lugares que queria conhecer, o corpo ideal que imaginava ver no espelho em dezembro, o quanto de grana esperava ter na conta. Confesso: não passei nem perto de cumprir essa lista.
Não que 2024 tenha sido ruim. Pelo contrário, foi positivo em muitos aspectos. Mas foi bem diferente do que eu tinha planejado.
Porque a vida é isso: contrastes. Luzes que aquecem o peito e sombras que apertam a garganta. Ano passado, vi meu livro em tantas mãos diferentes. Vi meu filho atravessar seu primeiro ano de faculdade, crescendo e se tornando mais ele a cada passo. Vivi encontros femininos que pulsavam energia e vi mulheres renascerem em confiança, caminhando em direção aos próprios sonhos.
Por outro lado, também me afoguei em problemas. Senti medo. Cheguei à exaustão.
E talvez o mesmo tenha acontecido com você. Talvez você tenha encontrado saídas mesmo na dor. Talvez tenha precisado de colo em momentos de tristeza, e, em outros, sentido alegria ao perceber que esse colo estava lá.
A vida é isso: ambivalente, um jogo de opostos. Feita de nós que vamos enrolando e desenrolando à medida que caminhamos, sentimos e agimos.
Então, o que quero dizer é: faça suas listas, sim, mas saiba que a vida vai acontecer apesar delas. Pode ser que seus planos não se concretizem exatamente como você imaginou. Pode ser que o caminho mude – ou que você mesma mude.
Por isso, não vamos nos cobrar tanto. Vamos planejar, mas deixando espaço para respirar. Afinal, não é a rigidez dos nossos planos que nos define, e sim como vivemos entre as luzes e as sombras.
E, quem sabe, neste ano, possamos encontrar mais gentileza dentro de nós – aquela que acolhe quem somos, com nossos altos e baixos, com nossas falhas e nossas conquistas. Gentileza para celebrar o que conseguimos e perdoar o que ficou pelo caminho.
Porque no final, a verdadeira mágica não está em tudo o que conquistamos, mas em tudo o que aprendemos enquanto tentávamos. E, no meio disso, está o que realmente importa: o movimento, a coragem de continuar e a abertura para viver o inesperado.
Ive Bueno para a coluna Universo Feminino
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