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As dores e os amores da não monogamia



Quando tinha de 14 para 15 anos minha namorada da época terminou comigo por querer ficar com outras pessoas, e na cabeça de duas adolescentes do subúrbio do Rio de Janeiro, o certo realmente é terminar quando seu coração diz que precisa de novos ares. Mas mesmo gostando da pessoa que você está atualmente? Na época a resposta certa pra mim era sim; mas hoje, com 22 anos, definitivamente eu responderia com um 'não'.


Eu conheci a não monogamia durante meu atual relacionamento, bem no início dele, a

gente saia junto e por diversão ficávamos com outras pessoas, era excitante, mas só ali, só

beijo sem contato depois, era algo carnal e nada mais. Mas isso evoluiu (ainda estamos

evoluindo ok?) foi tomando proporção, acontecendo fora das baladas, nos bares onde só

estávamos sentados sem agitação, foi aí que resolvemos falar que tínhamos o

relacionamento aberto, o que gerou diversos comentários de amigos próximos, desde de

‘como vocês conseguem’ até ‘isso é errado, é melhor terminar’, posso não ser sincera e

dizer que não ligávamos pros comentários, mas poxa, eram amigos próximos, a palavra

deles tinha peso pra gente.

Descobri que eu tenho o poder de escolha, que apesar de ainda sofrer com pressões monogâmicas, eu posso contornar, olhar pra mim e decidir o que fazer.

Eu quis desistir por um tempo, as brincadeiras de ‘ele vai acabar te largando' ficavam

girando e girando na minha cabeça, como assim eu deixava meu namorado ficar com

outras pessoas? “ah mas é melhor você deixar mesmo, antes na sua frente do que na suas

costas”. O medo foi meu companheiro por um tempo, eu confesso, mas aí, PIMBA,

achamos um site que falava de não monogamia, e um grupo no facebook também, e eu vi

outras mulheres, da minha idade e mais velhas, li relatos sobre amor, sobre liberdade e

pensei “puxa, não sou só eu, não to sozinha nessa” e de lá para cá foi só reflexão.


Nós crescemos numa sociedade patriarcal, onde homens são ensinamos a ‘pegar’ o

máximo de mulheres possíveis, e nós mulheres, somos ensinadas a nos guardar para

depois do casamento (com tanto homem que não quer “compromisso”, viraríamos

celibatárias), então pela lógica dessa sociedade arcaica, meu namorado/noivo/marido

poderia me trair a torto e a direito? “Sim, é da natureza do homem, é normal, ele não faz por

mal” Mas ao contrário? Mulheres dispostas a transar com quem bem entender, que querem

um casinho? Escorraçadas, vagabundas, que não se dão o respeito, onde já se viu? O

respeito pela gente, que já é pouco, fica nulo.

A não monogamia é sobre poder, poder amar, poder ficar só, poder criar conexões e laços, é sobre amor, muito amor.

Com a não monogamia, eu aprendi que meu corpo é meu, e meu coração também, e que o amor é grande, tão grande, que ele pode ser todo meu só pra mim, ou eu posso dividir ele com muitas pessoas ou com só mais uma, que não tem importância, sabe? Descobri que eu tenho o poder de escolha, que apesar de ainda sofrer com pressões monogâmicas, eu posso contornar, olhar pra mim e decidir o que fazer. A não monogamia é sobre poder, poder amar, poder ficar só, poder criar conexões e laços, é sobre amor, muito amor.


Gio para a coluna Não Monogamia

Encontre-a no instagram: @snaomono


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