E mesmo cansadas, lutamos...
- flaviasantosalbuquerque
- 10 de nov.
- 2 min de leitura
Fim do ano se aproximando e sempre vem à nossa mente a retrospectiva de tudo que fizemos e de tudo que deveríamos ter feito. A lista do que não fizemos é sempre a maior, fato.
Isso acontece comigo também, mas também penso em todas as lutas e problemas que passamos sendo mulher. As notícias são sempre piores na próxima, e isso tem dado medo.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, foi assediada esta semana. Isso mesmo: presidente. A falta de respeito e o sentimento de posse que muitos homens têm não respeitam nem a hierarquia.
Faço parte de um clube do livro formado por pessoas (mulheres em sua maioria, mas temos homens também) que desejam aprender mais sobre o feminismo e o matriarcado. Lá, compartilhamos inúmeras experiências e percebo que há um sentimento comum em todas as mulheres e, depois do que aconteceu com Claudia Sheinbaum, em mulheres de todo o mundo: o sentimento de medo misturado ao da luta. Ser mulher é ficar atenta 24 horas para se manter viva, respeitada e segura. Mesmo dentro de casa.
Pensando sobre isso, chego à dúvida: e se cansarmos? Se a gente não quiser mais lutar, o que acontece? Será que os direitos conquistados até aqui vão sumir?
Não sei, mas a maior certeza que tenho é que eu não queria ter que lutar todo dia. Também não quero que as novas gerações de mulheres precisem ter essa luta constante. Porém, se baixamos a guarda, como fica a nossa segurança?
Esta semana eu ouvi da Luana Piovani a frase: “Nós, mulheres, somos o portal da existência.” Fala melhor do que essa não há. Só há vida porque as mulheres existem, mas tenho certeza de que muitos homens estão se esquecendo disso. A impressão que dá é que eles estão com ódio e precisam, a todo custo, se vingar com xingamentos, assédio, agressão etc. Eu estou com medo do rumo que tudo isso está tomando.
Eu, sinceramente, passei a ter nojo e repulsa de certos comportamentos masculinos, e já ouvi isso de outras mulheres também.
Mas, mesmo cansadas e muitas vezes com medo, não podemos parar. Eu me sinto em dívida com as mulheres que lutaram no passado para termos o que temos hoje, e é por elas que sigo lutando. Luto também por todas que não podem ter voz, que são oprimidas pela religião, família, maridos etc.
Que no próximo ano as lutas sejam menos pesadas, menos constantes e que tentem nos oprimir menos. Ser mulher é uma dádiva, uma arte, e é uma pena que muitos não vejam isso, inclusive as próprias mulheres.
Eu, uma mulher preta com deficiência, estou cansada e irritada com todo o machismo que enfrentamos diariamente, mas seguirei lutando. A minha voz não será calada!
Ser mulher é ficar atenta 24 horas para se manter viva, respeitada e segura. Mesmo dentro de casa.
Flávia Albuquerque para a coluna Empoderamento Feminino
Encontre-a no Instagram: @flavia.albuquerqueoficial










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