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- Anjos
Que Deus mande seus anjos para a guerra. Que o seus anjos sejam mais perversos que os “dele”, e que sejam mais espertos que nossos demônios. Que eles, os anjos, nos defendam de todo mal com as armas que tiverem. Que nos livrem dos perigos expostos nas esquinas e cruzamentos por que passamos, mas que nos livrem, principalmente, das aflições que se escondem dentro da nossa alma inquieta. Que os anjos consigam eliminar as dores, as angústias e as tristezas que nos fazem querer desistir e cair. Que eles, senhores da espada, possam guerrear com nossos sentimentos mais escuros e mais desafiadores. Que consigam capturar a culpa que trazemos no peito, por todos os desafetos que provocamos, por todo desamor que levamos. Que os anjos sejam mais fortes que a nossa vontade de nos auto boicotar, e que tenham a força necessária para impedir que cheguemos perto do abismo. Que nos ajudem a encontrar o caminho de casa, aquele sem atalhos, sem bifurcações e sem paradas. E que eles lutem com força e determinação, porque a pior guerra não é a que está nas ruas, mas a que está camuflada dentro de nós… Fui! (agradecer ao meu Anjo…)
- Ilusão
Uma vez eu tive a ilusão de que a vida era simples. De que viver era algo cotidiano, como respirar ou dormir. E percebi depois que a vida é mesmo feita de ilusões, de crenças que acreditamos ser verdade. É feita de várias realidades paralelas, aquelas que são mágicas. Às vezes, deixamos que as nossas ilusões se esvaiam pelas nossas mãos e a perdemos na esperança de ter algo concreto, algo para guardar na gaveta e deixar ali, intacto. Seria bem melhor se elas, as nossas ilusões, nos acompanhassem pelo caminho que percorremos, para que nos ajudassem a enxergar o que há de bom em todas esquinas na vida, mesmo aquelas que são escuras e desgastadas. Porque tudo o que eu queria da vida eu tive com as ilusões que criei. Tudo em versões mais coloridas, iluminadas e esvoaçantes. Fui! (viver minha ilusão mais feliz…)
- Sorte
Onde está a nossa sorte? Escondida em algum armário cheio de lembranças fortuitas ou em cima da nossa janela, em um lugar que não conseguimos enxergar? Será que ela, a nossa sorte, vai aparecer de novo para nos saudar com a sua presença reconfortante? Ou será que vai nos deixar sempre neste limbo de expectativas onde, a cada escolha, parecemos escolher a pior opção na roleta-russa de emoções que é a nossa vida? A nossa sorte não aparece por acaso, mas é no acaso que nos surpreendemos com a sua presença. Nos julgamos merecedores dela pelas boas ações do dia a dia e, na sua falta, encaramos a punição divina como consolo por não a termos encontrado. Mas é a sorte nossa amiga ou um brinde que a vida nos dá, de vez em nunca, para nos motivar a continuar a caminhar, quando já estamos prestes a desistir? Não sei a resposta, mas prefiro chamá-la de amiga, de parceira e de cúmplice das minhas vitórias. Espero que ela dê o ar da graça mais vezes e espero poder enxergar todas as vezes em que ela aparece sorrateira, em silêncio, batendo suavemente as suas asas. Porque é certo que ela nunca me abandona, somente espera o momento certo para aparecer. Fui! (agradecer a sorte que eu tenho…)
- Apocalipse
Eu vi Guerras se formando, vi homens morrendo. Eu vi o que o poder, a ganância e o ego podem fazer com uma nação. Eu vi várias nações morrerem de fome, vi crianças segurando armas e mães matando suas crias dentro delas. Vi massacres e humilhações… Vi pessoas catalogando o sexo do ser humano como se isso o definisse. Vi gays sendo mortos por serem gays, vi mulheres sendo estupradas por serem mulheres, vi crianças sendo observadas e assediadas como se fossem um pedaço de carne em um mercado. Vi a corrupção em cada esquina, vi a traição nos olhos de quem se dizia confiável, vi o caos dominar esse Mundo. Vi a morte de perto, cada vez que saía do conforto do meu lar. Vi a escuridão que tomou conta da pracinha em que eu costumava brincar. Parei de brincar. Troquei o simples prazer de sentir o sol no meu rosto pelo cuidado, pela cautela, pela observação atenta. Vi pessoas próximas morrerem de câncer porque consumiram doses maciças de venenos em frascos bonitos e reluzentes. Vi a histeria que se tornou um jogo de futebol, um ídolo da música ou uma simples dobra na barriga. Vi as coisas do lado do avesso, todas sem nexo e sem sentido. Vi as palavras “moral” e “caráter” se perderem no meio de tanta vulgaridade. Vi o fútil virar notícia e a morte se tornar cotidiana. Vi as entranhas da sorte correrem por entre os dedos calejados, a esperança escorrer pelo rosto pesado como uma lágrima sem vida e as horas se perderem dentro de uma máquina chamada “celular”. Vi o Mundo suplicar por ajuda em meio ao som de tiros e lamentos sussurrados. Eu vi muita coisa na minha passagem pela Terra, mas de todas, a que mais me impressionou foi a capacidade de algumas pessoas se levantarem e seguirem adiante. Sem medos, sem lamúrias e sem dúvidas. Fui! (me levantar e segui-las…)
- Acreditar
Todos nós temos um grande poder: o poder de acreditar. Acreditamos em várias mentiras, em várias histórias inventadas por nós mesmos, acreditamos nas promessas que nos fazem. Acreditamos na “Palavra”, na Santa Ceia e em promessas de salvação. Nós acreditamos. Acreditamos nas pessoas, na verdade que elas emanam de seus olhos, no tom das suas palavras. Nós acreditamos no invisível, no oculto. Fazemos parte de algo que desconhecemos, mas que acreditamos existir. Acreditamos que nós podemos mais, que somos maiores que nossos problemas. E também acreditamos que somos nós os responsáveis pelo caos da nossa vida. Acreditamos que ter fé resolverá nossos dilemas mais urgentes, apesar de não nos entregar o alívio imediato. Acreditamos que crer ainda é o melhor remédio para as desilusões da vida. Cremos que somos maiores que as nossas inverdades cotidianas, que nossa comida é saudável e que nossos filhos são os mais capazes. Acreditamos que a vida, ainda que não seja bela, é totalmente nossa, liderada por nós e guiada por nossas intenções. Acreditamos que nós podemos fazer mais, que podemos ser mais, e que queremos esse “mais”. Porque a verdade é que nós gostamos de acreditar em tudo o que nos faz feliz. Só falta acreditarmos mais em nós mesmos. Fui! (acreditar mais em mim…)
- Madalena Arrependida
Madalena não vive de recordações. Preferiu separar os sentimentos do passado e do presente para poder seguir sua vida dentro da normalidade cotidiana dos dias atuais. Os sentimentos do passado lhe causam dor, mas reavivam sua essência carente e frágil. Resolveu, então, pintar os cabelos para achar um motivo novo para se preocupar… Ela não se arrisca a viver do antes, senão do único e puro “agora”. As decepções ficaram empoeiradas em alguma estante cheia de livros e memórias. Se esqueceu de sofrer pelo que já não vai mudar. Preferiu ficar leve e desembaraçada em cima das suas verdades atuais a ter que deparar-se com as circunstâncias das suas desventuras. Já não é uma menina e tem o tempo como seu companheiro de quarto, aquele que não vai esperar para marcar seu lindo rosto com os rastros cruéis das suas mágoas. Madalena prefere sorrir a ter que viver agoniada por seus arrependimentos. Ela prefere encontrá-los em outro momento, mais pra frente, sem pressa e sem culpa. Fui! (aprender com a Madalena como viver bem…)
- Partidas
Quando será que a nossa hora vai chegar? Será que demora ou vai vir daqui há pouco? Esperamos que a sua visita seja demorada e que ao anunciar sua chegada, ela seja silenciosa e quieta… que venha tranquila, sem estardalhaços ou excentricidades. Esperamos que a nossa partida não doa tanto quanto doeria a partida precoce dos nossos, mas a desejamos antes, de forma bem egoísta, para que a nossa dor seja menor. Desejamos a melhor partida, mas a desejamos em silêncio, sem deixar que ela perceba que, às vezes, pensamos nela. Desejamos ficar para sempre, até o dia em que cansarmos. E achamos que não vamos nos cansar nunca… bobagem! Um dia cansaremos de esperar pelo trem de ida. Mas, enquanto o esperamos, sentiremos remorso pelo que fizemos, desejaremos ter feito mais loucuras, ter amado mais ou, ao menos, ter declarado em português claro, os nossos sentimentos. E quando nosso trem chegar, desejaremos dar um último abraço. Aquele apertado, que dói na alma mais do que nas extremidades do corpo. Aquele abraço que diz muito mais do que todas as palavras que existem no mundo. O “abraço da despedida”, da hora que o trem sinaliza a partida. Para esse abraço guardamos nossas mais valiosas forças, a força do adeus de quem está embarcando para longe, mas que deixa dentro desse abraço, nessa última parada, um pouco de si. Fui! (desejar viver plenamente, antes do apito do meu trem…)
- Várias Mulheres
Viva o Dia das Mães e o Dia dos Pais. Viva também o Dia dos Avós e dos Irmãos. Viva o Dia do Amigo! Vamos viver o dia de quem nos importa pelo papel que representa na nossa vida, mas não vamos viver o dia da mulher, do índio, do negro e do gay (existe dia do gay?). Não vamos viver o dia do que somos orgânica ou geneticamente… Não vamos reviver um passado de preconceitos, pois isso só o traria para mais perto de nós! Mulheres não são melhores do que homens. Também não são piores que eles. Elas só são diferentes… são um pouco mais, “femininas”. E não são todas as mulheres que são guerreiras, nem poderosas, nem nada de especial. Existem mulheres que são apenas, mulheres. Algumas mulheres são demônios em corpos de Santas, são ardilosas e maravilhosas. Essas merecem um prêmio todos os dias por carregarem nas costas a obrigação de serem bonitas, sexies e completas, mesmo não sendo, muitas vezes, nada disso. Outras mulheres são Santas em corpos horrorosos, cercados de banha e terminações desajeitadas, mas são, igualmente maravilhosas em seu conteúdo amoroso e maternal. Existem mulheres especiais e outras nem tanto. Existem homens que têm uma mulher de verdade dentro de si, e mulheres que têm um exército de homens para executar cada uma das milhares de tarefas do dia a dia… Fui! (comemorar o “Dia da Vaca”…)
- Meninos que Dançam
Existem muitos meninos no mundo. Existem meninos que jogam bola, meninos que lutam karatê e existem os meninos que dançam. Sim, alguns meninos gostam de dançar. E o fato de dançarem não significa que sua masculinidade esteja comprometida. Há muitos homens másculos que dançam, há muitos gays que dançam e há também muitos gays que são másculos. Então, qual o problema? Nenhum, não fosse o velho e eterno conhecido de todos nós, o preconceito. Ele fecha portas, destrói oportunidades, desfaz amizades. Ele é quem determina quem pode ou não pode, simplesmente, “dançar”. E o preconceito que meninos femininos sofrem é duplicado quando alguns meninos, sejam eles femininos ou masculinos, desejam dançar. Porque se ser feminino já é assunto de fofoca e discriminação, dançar legitima essa posição, que arrasta para o breu dos acusados sem crime, a sua falta de aptidão para encenar a peça, que a sociedade se arrumou para assistir. Não somos todos preconceituosos, mas tememos o julgamento alheio quando o assunto são os nossos rebentos. Em geral não nos importamos conosco, mas não conseguimos arrastar por tanto tempo o peso de todos os dedos apontados para o nosso querido menino que, apenas, gosta de dançar… Fui! (vestir minha galocha para ver meu menino dançar…)
- Preconceituosos
Muitas vezes me questiono qual de nós será responsável por admitir, enfim, seus egoísmos e limitações? Seremos sempre escravos do bom senso e da boa ordem? Mas e quando a campainha tocar e aquele alguém nos chamar para dançar em uma hora imprória? E quando os sinais evidentes da nossa velhice aparecerem ao redor dos nossos olhos? Seremos nós, flagelos de sonhos que não foram adiante ou apenas pequenos seres humanos que buscaram seus iguais? Somos todos a imagem e semelhança dos nossos Deuses, sejam eles loiros ou negros, cacheados ou lisos, homos ou héteros. Todos de acordo com a nossa bossa e nossa crença. Não me diga, por favor, para não ser preconceitusosa, se preconceituosos somos todos os que se enquadram na categoria “humanos”. Nos dividimos em vários, desde que sejam eles, nossos “dividendos”, iguais aos nossos ideais de vida. Não nos misturamos com tribos que não compactuem com nossas crenças. Fingimos aceitar, mas não queremos que nosso filho se case com um alguém menos culto que ele. Somos todos movidos a preconceito, seja ele optativo ou imposto. E a nossa guerra é sempre mais dura quando nos sujamos de sangue para defender os que diferem de nós. Porque os outros são, apenas, “os outros”. Fui! (reunir meus iguais e meus diferentes…)
- Carnaval
O carnaval se aproxima, o mundo gira e as pessoas bebem seu néctar de boa sorte. Sejamos todos imortais em quatro dias de pura fanfarrice. Sejamos eternos enquanto podemos e ilusórios durante a festa, porque somos personagens inventados de nós mesmos e sussurramos nosso segredo para quem quiser ouvi-lo, sem pudor ou demérito. Somos todos meras projeções das nossas vontades, todas esculpidas com malícia e perversidade. Encontramos no outro o motivo para satisfazer a nossa carência de elogios, ou mesmo de abandono, e escolhemos entregar demais para absorver pouca coisa, ou quase nada. Mas é carnaval e, se existe um único período livre durante os anos solitários da vida em que existimos, esse momento é agora, nessa festa maldita, onde nossos corpos se estremecem de prazer e nossa consciência praticamente inexiste. Esperamos que seja um redemoinho de emoções boas, que seja quente, intenso, absoluto. Esperamos viver com um pouco mais de humor, em um gozo doce, sem hora para acabar… Fui! (me acabar, antes que o mundo acabe… )
- Despedida
Diante de tantas despedidas precoces, de tantos desencontros e desamores, só posso agradecer aos Deuses a oportunidade de entender o meu real tamanho nesse mundo ordinário. A minha fortaleza se esconde na omissão dos fatos que não consigo controlar, e minha bravura se dissipa no abismo obsoleto que existe entre o agora e o depois. E no final, somos somente eu e os acontecimentos que visitam a minha vida. Eles me confrontam e me desafiam a mudar o que muitas vezes não pode ser mudado. Obrigada a todos os que me ensinam, nesta caminhada, o valor de tudo o que é etéreo, que se esvai das nossas mãos com a mesma delicadeza com que entra na nossa rotina. Agradeço, enfim, a ele, o senhor do destino. Ele, que me ensina a verdadeira graça da vida: a arte de aproveitar cada segundo ao lado “dos meus” como se fossem eles, os segundos, pequenos presentes fortuitos que aliviam o peso da despedida, quando ela vier, magistral e dilacerante. Fui! (tentar entender e agradecer…)


















