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Amarras


As amarras que nos prendem são também as amarras que nos fortalecem. Isso porque, sempre que tentamos sair delas, somos machucados, e violentamente lembrados pela dor, do quão fortes temos que ser para podermos seguir em frente. As cicratrizes muitas vezes não se fecham completamente e necessitam de reparos e soluções alternativas. O mesmo serve para a dor que elas provocam, e que constantemente volta em forma de aviso e nunca na forma de uma simples lembrança. Porque, se as amarras são fortes, mais forte ainda é a nossa ligação com elas. E essas amarras são, na prática, a nossa ligação com as fraquezas da nossa alma, que não queremos ver ou ouvir. O que nos faz, muitas vezes, levantar e recomeçar, não é o futuro brilhante que lampeja amistoso ao longo, oferecendo um universo de novas possibilidades, é a vontade de nos livrarmos de uma dor do passado, da ponta afiada de um arame que insiste em nos ferir, e dos nós, atados e emaranhados, de todo o drama do nosso empoeirado passado.  E se olhamos para trás e não enxergamos as amarras, é porque, muito provavelmente, elas já foram retiradas por algum cirurgião. Mas se olharmos bem de perto, vamos notar que existem cicatrizes por todo o lado, ainda que pequenas e aparentemente imperceptíveis… Fui! (Buscar um “bom” cirurgião plástico…)

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