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Coisas que não aprendi. Ainda bem!

Minha mãe não me ensinou a sentar de pernas cruzadas, ensinou a subir em árvores.


Nunca me disse para eu ser cordata e delicada, mas para lutar pelo meu lugar ao sol.


Não aprendi com ela a cozinhar, mas a trabalhar desde cedo.


Ela não me ensinou a fazer um belo arranjo de flores, mas a pegar jacaré nas ondas do mar.


Ela me ensinou a caminhar em trilhas na floresta e saltar sobre as pedras em praias e rios.


Me apresentou à natureza como um deslumbramento, não uma ameaça.


Ela não me ensinou a ser uma boa esposa, mas a construir uma relação de parceria.


Ela me garantiu que eu podia ocupar qualquer lugar que desejasse, qualquer trabalho. Até porque o pai dela lhe cortou a vocação dizendo: "Medicina não é profissão para mulher". 


Hoje sei que ela fez uma pequena revolução interna para abrir novos caminhos para mim e para minha irmã.


Ela me falou abertamente sobre sexualidade, me falou de alegria e prazer, e nunca de pecado.


Ela me ensinou perseverança, garra, coragem, ousadia. 


Não eram atributos ensinados às meninas em meados dos anos 60, quando nasci. 


Só depois, enfrentando o mundo lá fora, descobri como era pequeno e restrito o espaço reservado às mulheres. 


Mas aí já era tarde demais.


Minha mãe tinha me educado para a liberdade.


Por isso e por tanto, sou grata.


Adriana Moretta para a coluna Ciranda da Terapeuta

Encontre-a no Instagram: @psi.e.corpo_adrianamoretta

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