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Energia feminina e mudanças climáticas

Estamos em fevereiro. Nesta semana o Rio de Janeiro, onde moro, atingiu a temperatura recorde de 44 graus. 


Mas o que esta introdução tem a ver com uma revista feminina? Muita coisa, cara leitora, muita coisa!


Nosso planetinha é um organismo vivo, cooperativo e interdependente. Cada fungo, cada folha, cada animal sabe que depende do conjunto que o cerca para sobreviver. Apenas a nossa espécie, em sua arrogância patriarcal, acredita que é melhor do que as outras e pode prescindir da convivência com o dessemelhante. Não pode e as mudanças climáticas, o aquecimento global estão aí, a pleno vapor (com perdão do trocadilho involuntário!) para nos lembrar a cada dia.


Quando estudamos o sagrado feminino e nos aproximamos dos valores que nos definiam como mulher no passado e que podemos resgatar a cada momento, percebemos que a cooperação é a chave da sobrevivência feminina. Em um tempo remoto as comunidades se organizavam em termos coletivos. A terra pertencia ao conjunto de moradores, que a cultivavam ou coletavam alimentos em conjunto, cuidando, protegendo e alimentando os mais fracos e indefesos. As noções de cuidado, de inclusão fazem parte do afeto materno de não deixar ninguém para trás. E não é preciso ser mãe, nem mesmo ser mulher para funcionar de acordo com o Paradigma da Parceria, como prega Marshall Rosenberg, criador da Comunicação Não-Violenta.


Ao longo de séculos, milênios, as mulheres aguentaram desrespeitos, abusos e lugares subalternos apoiando-se mutuamente. Enquanto isso, um mundo organizado pela energia yang, masculina, estabeleceu um modus operandi global que privilegia a competição, a busca de vantagens pessoais a qualquer preço e a destruição do meio ambiente.


E as consequências desastrosas estão à vista de todos e todas, mas muitos ainda se negam a assumir a nossa responsabilidade coletiva pela irremediável destruição do planeta.


Seria utópico imaginar que, se o planeta fosse dominado pelas mulheres, a destruição seria menor? Claro! Até porque estamos falando de um paradigma, uma forma de ver o mundo que independe de gênero e contaminou a vida de todos e todas nós.


Mas eu sigo sonhando com a possibilidade de que nós, maternalmente, aprendamos a cuidar da Terra como sendo nossa mãe, esse coletivo de seres maravilhosos que podem viver felizes em parceria e sororidade.


Se conseguirmos espalhar esse grande afeto cuidadoso para o universo que nos cerca, seremos capazes de pequenas mudanças que podem gerar um grande impacto coletivo. Contra o calor das grandes cidades, plantemos árvores. Contra o acúmulo de lixo causado pelo nosso frenesi de consumo, reduza as compras, separe o lixo, recicle, use um coletivo de compostagem para seus restos orgânicos.


Embora nosso impacto seja reduzido em relação às grandes corporações, podemos cuidar do que nos cerca, ensinar essa responsabilidade a nossos filhos e construir na nossa pequena escala um ambiente mais saudável.


Espalhar essa energia yin, feminina, amorosa e comprometida ao nosso redor pode ser a nossa contribuição efetiva para mudar o mundo na nossa mini escala.


Você conhece a fábula do beija-flor? Ela conta que houve um grande incêndio na floresta. Todos os animais que conseguiram escapar fugiram assustados e observavam as chamas, a uma distância segura. Apenas o beija-flor voava, repetidamente, até o rio onde pegava gotinhas d’água e levava em direção ao fogo. Os outros animais lhe perguntaram por que fazia isso, já que aquele esforço não adiantaria nada, que o incêndio era muito maior e mais forte do que ele. O beija-flor respondeu: “Sei disso. Estou apenas fazendo a minha parte.” 


Nós não podemos mudar o mundo sozinhas. Mas podemos fazer a nossa parte!


Adriana Moretta para a coluna Ciranda da Terapeuta

Encontre-a no Instagram: @psi.e.corpo_adrianamoretta


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