Janeiro Branco é o mês de conscientização sobre saúde mental da Organização Mundial de Saúde. Este ano o Brasil segue a campanha pela segunda vez, embora pouco se fale do assunto. A psicoterapia ainda é tabu para muitos, que consideram uma fraqueza pedir ajuda ou acham que o tratamento é apenas para casos graves. Não! A terapia nos ajuda a entender quem somos, aceitar e amar a essência de nossa personalidade, com seu lado solar e também sombrio.
Que partes de nosso comportamento são legitimamente nossas e quais refletem projeções familiares, culturais, sociais? Do que realmente gostamos? Quais os nossos limites para estabelecer relacionamentos saudáveis? Como encontrar a verdadeira vocação profissional? Que caminhos podemos seguir para superar traumas? Como aceitar as partes de nós mesmos de que não gostamos? Existe mesmo a tal felicidade? Todas estas perguntas e muitas outras podem encontrar respostas em um processo terapêutico.
Mas, como funciona esse trabalho? O que faz um terapeuta?
Quem, como eu, é psicoterapeuta, trabalha todos os dias, às vezes anos a fio, à espera daquele momento mágico em que o cliente vira a chave, desvenda o mistério, encontra o tesouro que lhe abrirá as portas para uma nova existência.
Muitas vezes nós percebemos onde está o caminho, mas não nos cabe apontar. Nosso papel nessa cena é estar firme e presente, apoiar, dar a mão, acolher e aguardar o tempo do outro.
Quando o paciente toca em sua própria pérola, recolhe o véu que encobre seu precioso segredo, descobre a concha que guarda suas infinitas possibilidades, o terapeuta se lembra de porque escolheu esta profissão.
Na mitologia grega o deus Hermes era chamado de "psicopompo", o condutor de almas. Não só porque transportava as almas dos falecidos para o mundo dos mortos, mas também porque acompanhava os heróis em suas jornadas. Era o guardião de todos os portais diante dos quais os humanos precisavam escolher seus caminhos. Hermes nunca apontava a boa direção. Apenas apoiava com sua presença e acompanhava a trajetória escolhida por cada um.
Assim é o trabalho do terapeuta: somos os psicopompos a acompanhar diversas jornadas e vibrar muito quando nossa heroína ou herói mergulha fundo e encontra seu tesouro.
Estudei os mitos desse deus grego em minha pós-graduação em Psicologia Junguiana e fiz esse paralelo entre seu papel de apoio sem guiar com o trabalho de psicoterapeuta. Nós somos o personagem oculto, que não participa da trama, não interfere na jornada, não julga os passos do cliente. Mas estamos disponíveis na presença, no vínculo seguro, para apoiar e reforçar as escolhas do protagonista dessa grande aventura que é a vida de cada um.
Se você enfrenta algum sofrimento emocional, busque ajuda. Na maioria das cidades há serviços de psicoterapia públicos ou com valores acessíveis. Para atendimento particular, hoje todos nós oferecemos a opção de atendimento online, ultrapassando as barreiras geográficas e os contratempos do deslocamento.
Você não está sozinha! Mais perto do que você imagina há um profissional capacitado e disponível para apoiar sua busca pessoal, seus questionamentos, traumas, dores.
Procure ajuda. Confie!
Adriana Moretta para a coluna Ciranda da Terapeuta
Encontre-a no Instagram: @psi.e.corpo_adrianamoretta