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Créditos


Hoje vejo um Mundo em constante transformação. Pessoas correm para todos os lados em busca da felicidade própria, e da felicidade dos seus entes queridos. Desprendem-se do benefício próprio em prol do melhor para “eles”, seus amores. São incansáveis em buscar o melhor, mesmo sem saber o que exatamente é esse “melhor”. Mas tentam. São eles, seres incompletos, cheios de defeitos, que buscam incessantemente alguma coisa que nunca na verdade conseguem alcançar: a plenitude de uma vida. Herdam os ensinamentos e também, os traumas. Desculpam-se pelas faltas e exageram nos mimos. São reféns de um modelo que não deu certo, mas que o seguem a 100 Km por hora. E quando percebem que o pneu furou, o trocam rapidamente, sem nem cogitar trocar o carro que usam para essa viagem. E nessa vida louca, em que tentam ser mais do que podem, só conseguem contabilizar os créditos positivos em uma conta infinita de pontos somados, mas nunca diminuídos. O olhar otimista é o que impera na inocente ótica sobre a vida: somos todos fruto das expectativas que geramos sobre nós mesmos, em um compasso desencontrato do que o outro espera de nós. Se eu pudesse voltar a viver, seria um alguém em busca de “créditos negativos”, uma pessoa que procura viver com o menor índice de culpa, com atitudes que contemplam “mínimos erros”. Contabilizaria quantos “menos pontos possíveis” eu acumularia no percurso dessa caminhada. Teria atitudes egoístas e cuidaria de mim como bem entendesse, mas abdicaria do direito de saber o que seria o melhor para meus filhos, meu parceiro, meus amores. Correria menos riscos durante o caminho para minimizar os traumas que sempre acabamos gerando em quem mais queremos bem. Não faria do meu filho uma extensão de mim, ao contrário, o deixaria livre para escolher ser um alguém muito melhor e com menos elos de ligação. Seria eu, um ser quase inofensivo aos que quero adornar. Viraria uma expectadora da vida deles, sem lhes acorrentar com dúvidas e questionamentos a respeito do que eu acredito ser o melhor. Seria mais uma referência, ao invés de um guia. Não os moldaria à minha imagem e semelhança. Os incentivaria a criar seu próprio molde. E assim, me esquivando dos erros ao invés de buscar tantos acertos, conseguiria entregar um pouco da tal plenitude àqueles para os quais dirijo para todos os cantos. Fui! (pegar uma carona até a próxima parada. Porque amar demais também cansa…)

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