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Eu Calo, Tu Calas


Eu calo, tu calas, todos nós calamos… onde quer que estejamos, é diretamente para o abismo do silêncio que encontraremos o espaço que refletirá a nossa paz. Para longe dos holofotes que jamais sugerirão uma harmonia nas diretrizes das nossas conturbadas vidas. Somos todos exemplos da nossa cultura, do meio em que sobrevivemos e das expectativas frustadas a que somos submetidos. Somos resultado dos sonhos que nos apresentam quando ainda não temos discernimento para definir o que nos emociona; somos esse final mal-acabado do querer de outros, protagonizado em nós, mas com um corte de cabelo mais moderno e atual. Calemos nós, sempre que o outro for inimigo do nosso querer. Não sabemos ao certo para onde estamos caminhando, mas sabemos que o conflito será inevitável; da mesma forma que sabemos que nossos preciosos cabelos vão cair depois das sessões de quimioterapia, mas, ainda assim, seguimos para ela, com os braços abertos e o coração apertado. Queremos a cura, mas nos maltrata saber que teremos que nos calar diante do apocalipse que se aproxima.  E, depois de tantas dores, depois de tantos discursos inóspitos e vazios, de concorrentes que antes compartilhavam doses geladas de álcool e sorrisos artificiais em papos informais, percebo que o silêncio nos abraça com mais cuidado e menos violência. Mas insisto em desdobrar o que há do outro lado, o que vem depois do tratamento e sigo tentando emplacar o “nosso discurso”. Não me calo, não me conformo. Vivo aqui, no caos dessa pátria, que também é minha. Cala tu porque eu não me calo, minha voz continuará a ecoar, ainda que rouca… Fui! (gritar…)

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