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Não Vou Me Render

Caminho por estradas tortas e íngremes, que circundam o enorme vale sem emoções, que acomoda as percepções melancólicas e apáticas dos expectadores menos exigentes e com pouco apetite… são eles, meros coadjuvantes da vida, que se espelham no normal para criar uma paleta de cores sem brilho e com tons nudes.

Acordo todos os dias com o pensamento constante de que meu discurso deve ser diferente do que reza a maioria, de que minhas cores devem ser mais densas e que meu estandarte deve ter o peso de uma relíquia em forma de cruz e troféu. Recuso-me a seguir as ordens da boa vizinhança e ouso dizer que a minha morada abriga muitas de mim, todas com sua opinião pungente e sua voz rouca.

Canto as músicas que vibram no mesmo tom que minha energia avassaladora e descubro que suas melodias são tão impactantes quanto exaustivas; de certo, canso-me de mim por alguns segundos, que parecem eternos e procuro alojar-me em uma outra versão, menos chamativa e mais compacta – algo mais usual e cômodo para os dias de hoje. Porém, ao voltar para meu eixo, reconheço-me enorme e incrivelmente forte com os valores que descobri dentro da minha alma confusa e extraordinária.

E, ao olhar novamente para o “Vale da Normalidade”, percebo que minha caminhada é muito mais estimulante, ainda que mais cansativa… por fim, respiro fundo e sigo carregando minha bandeira preta, que sinaliza que jamais me renderei à comodidade de não ser eu.

Fui! (Seguir…)

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