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Os Prateados



A maturidade tá on e as marcas estão deixando passar. A digitalização influencia o comportamento de compras e eles estão comprando on-line. Já foi (ou devia ter ido embora) o tempo em que produto para envelhecimento era fralda geriátrica. A maturidade é diversa. Tem de sair da invisibilidade e ter necessidades atendidas. Mais ainda, ter desejos atendidos. Qual o portfólio de produtos e serviços concebidos para os prateados? Eles querem prazer.

Fiz duas pesquisas essa semana sobre o mercado de turismo: não há pacotes para solteiros 50+ que estão bombando na adolescência da maturidade. No mercado de intercâmbios de idiomas, achei um ou outro com muita dificuldade com a imagem da vovó estereotipada sob o título “Intercâmbio para Terceira Idade”. Oi?!? Oi marcas, onde estão seus marketings que não olham esse público? Recentemente Eduardo Mack, um amigo, comentou sobre a raridade de conceder uma bolsa para pós-graduação no exterior para um 50+ e contou que aprovou uma para uma mulher negra e aposentada estudar fora. Os 50+ estão descobrindo a liberdade. Hoje, depois de uma vida construída, escolhem como desfrutar melhor o tempo. Se querem viver casados, morar em casas separadas, ter uma relação aberta, só namorar, não ter compromisso, ou ainda, ficar em paz com a sexualidade.

Os bares, as boates, os aplicativos de relacionamento, as academias com programas para os prateados e todas as outras cores dos 50+? A antropóloga Mirian Goldenberg afirma que, para muitas mulheres, “envelhecer é o melhor momento de suas vidas'. A vida afetiva, sexual, social e profissional da mulher continua na maturidade, a todo vapor". Estamos incluindo as mulheres maduras no mundo real e virtual? O Brasil tem 26% da população com mais de 50 anos e terá 57% da força de trabalho em 2040 com mais de 45 anos. Vale bater na tecla que temos falta de mão de obra qualificada e ainda assim a geração prateada tem dificuldade de encontrar trabalho. 66% dos brasileiros discordam que pessoas com mais de 50 anos e jovens possuem as mesmas oportunidades no mercado de trabalho. Percebo muitas empresas trabalhando na pauta da diversidade e inclusão, mas muitas delas com agendas estratégicas de inclusão de negros, pessoas com deficiência ou equidade de gênero. Dificilmente encontro programas para prateados. É silencioso e cultural o preconceito. Mórris Litvak diz que nossa cultura é jovem cêntrica. Infelizmente, concordo com ele.


Maria Helena Carneiro para a coluna Universo Feminino

Encontre-a no instagram: @mhelenacar

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