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Quem é o bandido?


Afinal, quem é o bandido? O negro, a puta ou o indigente? Somos todos suspeitos até que se prove o contrário ou… até que retiremos as roupas de marcas que cobrem nossos nutridos corpos à base de proteínas e vinhos caros. Somos todos lixo da mesma espécie: a humana. Somos todos maus e bons, dependendo somente do ponto de vista, ou do carro que nos leva. Somos todos menos hipócritas quando lidamos com o sujo, mas mais verdadeiros quando estamos à frente do poder. As regras de boa educação incluem um bom funk com letra vulgar sempre que ele estiver tocando no gabinete do chefe. É boa a música clássica, se esta for ouvida em uma grande e requintada sala, caso contrário, seria melhor descartá-la por pura falta de tempo. Igualmente são belas as donas dos corpos desnudos que circulam em canais de fofoca; se são santas ou putas, não se sabe, mas não denegrimos sua imagem elaborada pelos holofotes nem comentamos sua maquiagem imperfeita se contemplamos a beleza exageradamente desnuda que, sem querer, compartilhamos com nossos olhares curiosos sobre o óbvio. Somos a única raça que discrimina o negro, mas que também o vangloria pelo mesmo motivo fútil: ser negro! Tiramos as oportunidades sociais e fornecemos os benefícios eleitorais, através de descontos concedidos pela intolerância decretada.  Choramos o caos do mundo, a fome alheia e a desgraça dos refugiados. Mas temos indigentes aos nossos pés, catando providenciais restos de Mc Donald’s deixados à deriva da nossa porta…  Afinal, não sabemos quem é o bandido, mas sabemos que não somos nós… Fui! (me encolher e guardar meu dedo indicador…)

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