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A sorte que temos


Quem nunca chegou ao final do dia e se questionou se o tinha aproveitado como deveria?


"Fui fiel a mim e no que acredito?"


Frases de nosso cotidiano se acumulam, situações e sentimentos diversos, como pilhas de roupas sujas. Nossas lutas diárias viram tecidos retorcidos e, muitas vezes, ficam mal resolvidos.


Cansados, jogamos tudo em um canto.


Até acumular.


Até incomodar.


Até que crie vida e força.


Até que algo desperte aquela pilha. Algo que nos machuque a ponto de não podermos mais desviar o olhar.


Colhemos o que plantamos, mas vamos combinar que muitas vezes acabamos “colhendo” coisas que paralisam, que achamos que não seremos capazes de viver ou melhor... sobreviver? Vivo tendo esses momentos que reconsidero quem sou.


Que parte de mim ainda se mistura com o presente e qual precisa estar no passado. Então descubro qual delas vai comandar as minhas próximas ações.


E isso se intensifica com alguns gatilhos. O mais recente foi algo que me disseram.  “Que sorte você tem!”. Caramba, sorte...Será mesmo? O que deveria ser considerado sorte? O que deveria ser considerado equilíbrio e plenitude?


Não consegui encaixar o que a pessoa via com a minha realidade. Mas, no final, percebi que é comum esse olhar superficial. É aquela velha história, a grama do vizinho sempre parece mais verde... E a verdade nunca é absoluta. Existe a minha, a sua e a de quem olha de fora.


Não considero sorte acreditar em algo, se dedicar e quando colher os frutos, ouvir que foi plantado pelo acaso.


Repito; colhemos o que plantamos a médio ou longo prazo. Então não aceito bem ouvir que uma mulher tem sorte de ganhar bem, ela tem merecimento!


Uma mulher não tem sorte de ter um bom parceiro, ela o escolheu!


Uma mulher não  tem sorte de ter um homem que “ajuda” com a casa, com as crianças... Isso é a obrigação de qualquer parceiro.


Uma mulher não tem sorte de sair de um relacionamento tóxico ou abusivo. Te garanto que ela teve que lutar com unhas e dentes para se libertar, para ser corajosa.


Para reagir.

O ato de viver é sobre coragem diária.  Aquela coragem que pulsa nas veias... De falar, de sentir, de se entregar e de perdoar.

O ato de viver é sobre coragem diária.  Aquela coragem que pulsa nas veias... De falar, de sentir, de se entregar e de perdoar. Como considerar sorte quando dá tanto trabalho tentar todo dia ser uma pessoa que reconhecemos? Que gostamos? Que nos orgulha?

"Não é possível agradar a todos, mas é possível ser feliz na própria pele. É possível nos superarmos em nossas próprias expectativas. Pegar aquela mágoa, aquela dor latente e transformar em impulso."

Não é possível agradar a todos, mas é possível ser feliz na própria pele. É possível nos superarmos em nossas próprias expectativas. Pegar aquela mágoa, aquela dor latente e transformar em impulso.


Para ser uma pessoa melhor? Talvez. Para evoluir? Talvez também. Mas acho que principalmente para ser algo novo, diferente. Algo formado pelas cicatrizes que ainda podem queimar e sangrar na pele.


Talvez tudo que nos machuque, nunca suma. Mas deveria? A dor é a lembrança diária de que sobrevivemos a ela. De que lutamos. E de que algo novo nasceu.


Sim, visitar essas pilhas de sentimentos retorcidos e organizar um a um é desesperador. Mas também é renascer. É preciso aprender a desamassar, lavar, recuperar ou até mesmo jogar fora algumas coisas. Desapegar.


Até porque “antes sozinho do que mal acompanhado”, né? vale pra pessoas, mas também vale para mágoas e monstros que se escondem na superfície de sorrisos vazios.


Então quando a noite chegar, observe quem você é. Quem habita a mente inquieta, barulhenta e dolorosa. Aceite. E transforme em novidade. Em leveza.


Se transforme em uma nova versão de si mesma, uma que goste.


Uma que as pessoas digam que é sorte.


Alexia Road para a coluna Empoderamento Feminino

Encontre-a no Instagram @alexia_road



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