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Atividade física, prazer ou obrigação?



Quantas vezes ficamos imaginando que para sermos bonitas ou aceitas, devemos ter o corpo ideal, perfeito, adequado para a sociedade?


Desde meninas somos criadas na ideia de que devemos praticar exercícios físicos para chegarmos a um corpo magro, esbelto, sem marcas. É ensinado que para alcançar esse corpo estabelecido pela sociedade, devemos nos “matar” diariamente com exercícios de alta intensidade e dietas insustentáveis. Menciono o “matar” pois a forma que tais práticas são realizadas hoje em dia, mais prejudicam do que trazem algum tipo de benefício.

“O autoconhecimento, quando atingido, pode nos apresentar a realidade da nossa essência”

Onde a saúde mental se encaixa no meio de tanta autocobrança, competição e frustração? Como seria a relação de nós mulheres com a prática de exercício físico, se ao invés de termos sido ensinadas a treinar para emagrecer, tivéssemos sido ensinadas a treinar para cuidar da saúde mental e física?


Antes de estética, a prática de exercício físico traz inúmeros benefícios. Começando pela liberação de endorfina, hormônio que tem como consequência a sensação de prazer e bem-estar. Além disso, promovendo a qualidade de vida e prevenção de doenças. Porém, esses fatores são facilmente esquecidos enquanto vivemos em uma sociedade que impõe descaradamente o que é bonito ou não. Temos assim a chamada “ditadura da beleza”, que influencia diretamente na forma que nós mulheres nos enxergamos, afetando nossa autoestima.

Com isso, a grande maioria tenta incansavelmente seguir rotinas surreais de exercícios e dietas para conseguir atingir um corpo inalcançável. Mas também temos um outro lado, o lado que realmente não sente prazer algum com o exercício físico, inclusive tem desgosto, porque praticar exercícios remete a ideia de seguir padrões sociais, se encaixar em uma regra, ser aceita socialmente. E é traumatizante e frustrante tentar alcançar algo que beira o impossível de ser alcançado.


Todos os benefícios da atividade física são deixados de lado, pois desde sempre aprendemos que para sermos bonitas precisamos ser magras e para sermos magras precisamos treinar. Percebem como vira um ciclo? E como sair desse ciclo? Como deixar essa ideia de lado?


Podemos tentar sair dessa espiral por um processo denso e trabalhoso de autoconhecimento e autoaceitação. Nesse processo, aprendemos o que gostamos, o que faz a gente se sentir bem, feliz e satisfeitas conosco, o que temos capacidade de fazer ou não, qual nosso objetivo, características e personalidade.


O autoconhecimento, quando atingido, pode nos apresentar a realidade da nossa essência, resgatando nossa autoestima, deixando (quem sabe) um pouco de lado essa necessidade de aceitação social, encarando esses fatores, como a prática de exercícios, com um olhar de autocuidado, e não de obrigação.


O que mais torço é que: a gente treine porque ama nosso corpo, e não porque odeia ele.


Antonella Borghesi para a coluna Empoderamento Feminino

Encontre-a no Instagram @psi_antonella


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