Por Gabriela Carvalho
Naquela noite, ela estava decidida a arrasar. Colocou seu vestido branco longo com uma fenda na perna e um decote generoso.
Ao chegar na festa, todos os olhares viraram em sua direção. Seu cabelo louro contrastava com sua pele dourada de praia. Sua perna discretamente aparecia sobre a fenda, que se abria com o vento.
Os sussurros começaram e, por incrível que pareça, os comentários mais maldosos vinham de mulheres, que, ao invés de apoiá-la, criticavam-na em sua maneira de vestir e se apresentar.
Ela estava em seu canto, acompanhada de seu parceiro, e somente por ele queria ser desejada e apreciada. Mas de maneira intrigante aquilo parecia ser um risco para as demais mulheres que se encontravam no recinto.
Por que nós, mulheres, agimos e nos sentimos assim?
Não deveríamos apreciar o belo e elogiar, ao contrário de censurar e nos sentir ameaçadas?
Como se não bastasse os homens nos julgarem pelo tamanho de nossas saias, somos também julgadas por nós mesmas!
É preciso que haja mais união. É preciso que nos vejamos como uma provável amiga, não como um inimiga.
“É preciso que haja mais união. É preciso que nos vejamos como uma provável amiga, não como um inimiga.”
É preciso cortar na carne os próprios preconceitos.
Não sejamos julgadas pela forma como nos vestimos, pois antes da vestimenta que nos cobre (ou não cobre), vem a atitude. E a esta devemos nos ater.
Uma mulher com atitude pode estar pelada, que não será sentenciada. Que o diga Demi Moore ao pousar nua e grávida para a revista Vanity Fair. A capa da edição de agosto de 1991 funcionou como uma espécie de celebração do corpo feminino durante o período da gestação, tendo a artista lançado a moda das fotos ousadas durante a gravidez e dando muito o que falar.
Optemos mulheres, por ter o que falar, e, preferencialmente, que seja bem uma das outras.
Matéria de Gabriela Carvalho para a coluna Empoderamento Feminino.
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