Nem todo Carnaval precisa ter seu fim
- flaviasantosalbuquerque
- 18 de mar.
- 3 min de leitura
Na praia de Ipanema, Bella sentiu pela primeira vez o roçar do glitter sobre seus mamilos, aquilo a excitou, o calor, o corpo livre, as gotas de suor, o carnaval que experimentava pela primeira vez seu pulsar.
Naquela tarde Bella, descobriu o Brasil.
Franco chegou e pediu para dividir a canga com ela, um pedaço pequeno de pano que mal cabia em seu corpo.
Cabelo caído ao rosto, torrada de sol, um sotaque carioca de castigar a alma de qualquer mulher desavisada.
Depois de compartilhar um vidro de lança perfume, a carregou para uma daquelas ruelas entre Vinicius de Moraes e Farme de Amoedo.
Rápido quanto os amores de carnaval, Franco afastou para o lado sua saia de odalisca, massageou sua buceta por cima de seu biquíni, seus dedos cravados em sua vulva e seus olhos a comiam com mais intensidade que seu pau.
Bella esqueceu de onde vinha, esqueceu da moral que carregava e se tornou sua própria fogueira, uma mulher transgressora, livre, se apropriando de seus orgasmos.
Ele foi embora, mas antes de se despedirem deixou com ele como um presente seu biquíni encharcado com cheiro de sua buceta para que se lembrasse dela.
Na outra esquina, a mulher que tinha deixado seu país parecia distante, Bella não sonhava mais, só queria sentir o som alto da bateria e respirar com a capacidade de sustentar seus próprios desejos, sua vida na França era pequena, doméstica, rodeada de gritos e destemperos de seu último marido, tudo era apenas repetição, voltas e voltas que não davam em lugar nenhum.
Agora se via ali, Bella nunca sonharia que estaria em meio ao fervo do carnaval carioca, sendo lambida por outra mulher, amiga de uma amiga, que era apenas uma estranha.
Sorria e lembrava da última briga com o marido ao qual teve um impulso de comprar uma passagem para o Brasil.
Sua vida andava amarga sem gosto, completamente diferente do gosto e língua molhada daquela loira cheia de curvas com seus peitos que se esfregavam com os dela.
Os blocos davam voltas na cidade, as noites se misturavam com as manhãs, intermináveis dias de encontros e desencontros, mas Bella se reencontrava a si mesma em cada canto inusitado, em bocas sem nomes, paus, mãos, bucetas servidos como um grande cardápio majestosos de sexo com estranhos.
Na verdade, ninguém nesta grande festa tem nome, somente cores, glitter, lantejoula. Ali não era francesa, brasileira, mãe ou esposa, era uma mulher livre, pronta para engolir o mundo com seus quadris.
Primitiva, liberta e deliciosa.
Depois de cinco dias de carnaval, Bella voltou ao apartamento alugado no bairro do Flamengo, prédio sem elevador, entrou no apartamento errado, ofegante e não parou mais de ofegar, lá morava Antônio, um erro programado pela vida.
Antônio não ofereceu nada a ela, nem ao menos um chuveiro para limpar os dias de orgia, somente beijou seu corpo inteiro, disse que gostava dos seus pelos e seu suor, fez carinho em seus peitos, mordeu seus mamilos, lambeu sua buceta e pediu que ela falasse francês em seu ouvido.
Bella acendeu, gozou tão forte que perdeu suas forças, o dia se tornou noite e se tornou manhã, Bella gozou algumas vezes, Antônio outras muitas, Bella perdeu o voo para seu país.
E na imensidão do significado GOZO que ela soube: a vida é Vasta!
Gabriela Prux para a coluna Papo de Bordel
Encontre-a no Instagram: @gabiprux
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