Resultados da busca
1133 resultados encontrados com uma busca vazia
- “Meus”
Dizem que os filhos não são nossos, mas do Mundo. Que devemos criá-los para a “vida”, para que encontrem aquela tal felicidade, para que encontrem o amor das suas vidas, para que encontrem seu caminho e, finalmente, para que se encontrem. Dizem que devemos amá-los e ensiná-los. Que somos as responsáveis por prover a melhor vida que pudermos na primeira, segunda e terceira infância, até que, enfim, eles possam alçar seus próprios vôos… Sozinhos. Pois bem, agradeço os conselhos e admiro a abnegação das mães que conseguem ser exatamente assim: despreendidas de si em prol dos seus. Admiro, elogio e aplaudo. Mas realmente não compartilho desse sentimento lindo e elevado. Sou inteira vermelha, revestida de todo amor incondicional e passional que habita meu ser em cada entranha das minhas rugas e em todos os espaços da minha alma. Sou egoísta com os meus, sejam eles batons, chocolates ou mesmo, “filhos”. Porque se os fiz, ou se os quis, os trouxe para mim. E se os tenho como filhos, os tenho como pedaços de mim. E meus pedaços, me desculpem, não são do Mundo… São meus! Sempre meus, em todos os momentos eles serão “meus” e refletirão em seus olhares os meus ensinamentos. Eu sou a referência e eles a prática. Nos completamos e nos entendemos. Sou eu, em todos os estágios de entendimento, que tenho que me acomodar com as vidas que ajudei a crescer… Porque a vida é deles. Sim, a vida é deles, mas os filhos… Esses são meus. Para sempre. (Desculpe Mundo… Mas os filhos são “meus”). Fui! (me apegar, agarrar e aproveitar enquanto os meus são bem “meus”…)
- Resignação
Qual é o limite? Até onde temos que ir para conseguirmos alcançar o que queremos? E quando será que é hora de parar de buscar algo que não está destinado a ser nosso? Muitas vezes achamos que algo está na reserva, nos esperando. E acabamos nos decepcionando quando descobrimos que esse algo está na reserva, mas no nome de outra pessoa… Queremos para nós o que achamos que deve ser nosso. Queremos o destino idealizado, o presente colorido, o namorado alto e forte. E rico. Queremos mais do que há de melhor. E queremos esse “mais”, que prometemos a nós mesmos, há tempos atrás… E mesmo sabendo que o tempo passou, a vida andou e nossa mente mudou, os desejos antigos permanecem ali, intactos. É como uma implicância inconsciente que não nos permite resignar. E a inconstância dos nossos sentimentos sempre nos lembra do que foi “perdido”, mesmo sabendo que aquele “objeto destinado” jamais passou de uma vontade. São as ilusões que criamos da vida que fazemos existir quando queremos algo que amamos demais. Essas ilusões alimentam nossas esperanças infundadas, nos dão segundos de alegria por vislumbrarmos a chance que pensamos ter perdido, mas que na verdade nunca nos foi ofertada. E não importa quantas ofertas “reais” recebemos da vida, se não houver resignação em aceitá-las e desfrutá-las, elas passarão sempre despercebidas. E estaremos sempre correndo atrás da coleção passada… Fui! (Me resignar, aceitar e viver. O melhor que eu puder…)
- Complexos
Todos nós, seres humanos, somos complexos. Somos donos dos nossos destinos desde que haja um mestre a ser seguido. Precisamos de doutrinas e comandos, somos escravos da vontade alheia e nem nos damos conta disso… Esquecemos nossa identidade em cada esquina e compramos sempre, o “sabonete” da melhor marca. E quando achamos que algo passa despercebido, abrimos os olhos e encontramos uma série de clones exatamente idênticos, assistindo ao mesmo canal e brigando pela mesma causa, mesmo sem filiação partidária ou motivo aparente. Estão todos muito certos dos seus atos, sempre que esses atos não se transformem em luta alguma, por ideal nenhum. Porque o que queremos não é a resolução do problema… Queremos mesmo são aplausos! E aplausos fortes, no tom da nossa agonia imensa por aparecer. Queremos ser especiais e únicos, mas vestimos todos as mesmas roupas. Queremos o diferente, desde que esse diferente não seja exatamente “divergente”. Queremos apenas o quase igual, mas com tons mais fortes. O discurso também precisa ser livre, mas com vírgulas cuidadosas e boas aspas para marcar o descompasso da letra que corre disforme pelo texto “semi-sincero”… Na verdade nossa complexidade não nos deixa espaço para muita originalidade, somos diferentes na essência, bem lá dentro, escondida e pouco iluminada. Na atmosfera visível a nós mesmos somos um aglomerado de muitas caras sem nenhuma grande diferença aparente… Fui! (me reiventar e me soltar…)
- Futuro
Não sabemos do futuro. Não sabemos nada sobre a estrada que seguimos, que por vezes se torna sinuosa e, por vezes, se torna plana. Não sabemos se estaremos seguros se seguirmos por esse caminho, mas o seguimos mesmo assim. O seguimos por instinto, por vontade, quase por maldade. Uma maldade branda, que não faz mal à ninguém, a não ser a nós mesmos. O seguimos pela vontade de sentir, pela vontade do prazer. Somos reféns da nossa vontade, que anseia por água, mas que morre de sede por algo mais forte. Somos seres irracionais quando entramos nessa selva que se chama amor, que não tem placas, nem setas e nem avisos. Somos surpreendidos pelos atalhos da paixão, que nos arrebata, ao mesmo tempo que nos cansa. Então voltamos para a estrada velha, aquela de terra batida com vegetação rala e escassa até onde alcança a vista. Nos admira a paisagem ampla, com o sol batendo forte no rosto, como se quisesse nos acordar de mais um sonho bonito. E seguimos firmes nela até o dia em que ela não mais nos convidar a passar. E passaremos agradecidos ao futuro incerto, após termos vivido a mais incrível experiência que podíamos ter: amar. Fui! (Viver…)
- A Religião do Não
Em tempos de Guerra onde o centro da questão é a religião, volto a dizer que não existe melhor religião do que a “Religião do Não”. A religião da negativa não significa, contudo, que é uma religião negativa. É apenas uma religião sem destino ou destinado. É a religião simples da não-convergência de valores, dos valores prós e contra algo. É a absoluta negação de qualquer classificação, genuína ou compulsória, fidedígna ou romanceada. É a religião que isenta a culpa de quem a tem, pelo simples fato de não pregar mais dor do que já existe. O calor que se dissipa no corpo dos homens, que percorre as veias principais não pode ser desperdiçado com conflitos inúteis. Inútil a vida que está alicerciada a uma única promessa: “a salvação eterna”. Porque eternos somos todos os que hoje existem, eternos em uma dimensão de vida ou de segundos. Somos movidos pela fé em algo que, necessariamente deve ser maior do que nós, por um Deus supremo da perfeição, mas o certo é que não fazemos idéia do que se trata essa perfeição. São os agnósticos, os mais felizes habitantes deste conturbado “planeta dos macacos”, aquele planeta onde acreditar não basta, é necessário doutrinar e angariar cada vez mais devotos. E votos. E mais votos… Não entendem eles, nem nós, que somos todos manipulados por escritos traduzidos e adulterados, em remendos providenciais nas lacunas de um tempo antigo. Somos todos escravos de ditos e mestres de forças que existem somente porque nós acreditamos. E acreditamos que creditar fé em algo tido como sublime nos livrará do pecado que é viver aqui, na Terra onde todos somos fragmentos de religião, desencontrados no tempo e no espaço e desamarrados do inteiro, por meio de fendas e crenças não justificáveis. Viva a “Religião do Não”, da negação de tudo que é mantido sagrado por palavras, conceitos e idéias passadas. De todo intelecto que nos é imposto pela sedução, de todas as normas que não são dos homens, mas de “Deus”. Porque Ele, Deus, não quer nada de nós. Quem quer algo, somos nós mesmos. Nós que usamos o nome de Deus a favor da nossa idEia de fé… Fui! (rezar para a minha alma pecadora descansar em paz depois de tanta “blasfêmia”…)
- Assassinos de Sonhos
Todos nós, em algum momento, nos tornamos assassinos. Somos assassinos da nossa juventude, da nossa vontade, da nossa esperança. Abortamos o nosso futuro com a mesma facilidade que abrimos uma latinha de refrigerante. Abortamos nossos sonhos e nossos ideais. Somos seduzidos pelo fácil manchado de sangue, e pelo barato fabricado com plástico, ossos e conservantes químicos. Somos manipulados e usados. Mas, no final, somos nós quem puxamos o gatilho. Não acreditamos em verdades absolutas, mas rezamos para um Papai Noel cheio de presentes. Queremos morar lá fora, mas esquecemos que nossa vida está aqui, trancada no quarto ao lado e esquecida de como é ser livre. Pedimos paz ao Mundo, mas queremos mesmo é um passe livre para passar pela fronteira sem tocar nos indigentes do caminho. Queremos a misericórdia pelos nossos pecados, mas rezamos a reza do mais forte, no tom e forma que for mais conveniente. Porque queremos mesmo é viver, mesmo que seja do lado de “lá”… Fui! (rezar!)
- Incógnita
Diante de todos os erros do passado só posso me redimir de joelhos para o meu eu, solitário e inquieto. Facilito o peso do meu corpo inchado liberando parte da minha culpa para a imaturidade da minha mente, e o resto… O resto deixo para acumular nas marcas do meu rosto e nas entranhas da minha alma, escondidas e inacessíveis. Carrego no ventre uma humanidade inteira: engravidei de visões suspeitosas e esperanças destruídas durante o percurso. Entrego para a minha alma suja e pecadora o verdadeiro sentido do arrependimento, mas não posso abandonar meus filhos na travessia. Por isso, sigo de mãos dadas com eles. E evito, ao máximo, passar por atalhos em que eu possa me perder. Me perco nos contornos do que não foi, nos ajustes do que poderia ter sido e nos detalhes das palavras não ditas. São vários os riscos de prosseguir sem eles, meus convidados da vida, meus sentimentos de culpa. Mas é grande a vontade de me reencontrar comigo em um lugar mais tranquilo, onde eu possa amamentar coragem e não desilusões. E se, de todas as histórias que escrevi eu puder apagar algumas, insisto que não farei. Não as anularei da minha história, pois pertencem ao holocausto de mim, na minha existência frágil e desconcertada do passado. Mas sim, irei abortar todos os infortúnios caóticos que me prendem à angústia diária que é conviver com erros que não podem ser consertados. Benditas são as rezas de ano novo, que saúdam o novo e me enchem de esperança e incógnita. Bendito é o ser com toda a sua vontade de se recriar e de se reconstruir na imensidão do caos e na busca pela redenção da sua alma. Fui! (Ensinar a meus filhos “não virtuosos” o caminho para fora do meu útero…)
- Máscaras
Vivemos todos os dias a fantasia de sermos alguém. Somos pais, namorados, empregados, sócios. Somos a imagem e semelhança do nosso Deus, mesmo sem saber ao certo o que isso significa. Somos vários, de inúmeras formas diferentes, em todo o momento. Mas é certo que seguimos algum padrão. Porque, se não, nos perderíamos no caos da nossa alma confusa… Muitas vezes, nos encontramos em uma encruzilhada em temos que escolher qual caminho seguir. Mas, na verdade, a escolha é de qual personagem devemos incorporar e, a partir daí, a escolha do caminho se torna fácil. Achamos que quando estamos com nossos corpos nus, estamos descobertos de todos os subterfúlgios dos nossos personagens, mas não. Estamos despidos de verdade quando sentimos dor, medo e arrependimento. Estamos “nus” quando estamos enfraquecidos, quando sentimos que podemos quebrar. É nesse momento que descobrimos nosso personagem mais básico, aquele que não usa máscaras e não possui vaidade. É esse personagem que nos assusta, e do qual fugimos sempre. E essa nossa “cara lavada” só mostramos mesmo para quem mais confiamos. Mas a mostramos à meia luz, tarde da noite e depois de umas 2 taças de vinho… Fui! (escolher meu personagem favorito: minha Maria Scarlet…)
- Bússola
Por tanto tempo busquei suas opiniões, conselhos e aprovações. Queria ter a certeza dos meus atos, mesmo sem saber que a minha certeza nem sempre me traria a alternativa certa. Queria mais emoção para os momentos emblemáticos, e acabei me esquecendo que a emoção verdadeira muitas vezes está nos pequenos momentos. Queria seguir seus passos com meus próprios pés, para poder ter a sua glória estampada no seu sorriso orgulhoso de pai. Queria ser mais do que você, em uma versão melhorada e avançada, queria disseminar a maravilha dos seus gens adaptados ao meu mundo. E queria ser parte de tudo o que você acredita… Foi por você que muitas vezes me desencontrei de mim e segui à risca seus conselhos, sem questionar ou parar. E foi também por você que muitas vezes fiz tudo ao contrário do que mandava seu manual, só para ter o prazer de confrontá-lo com uma nova realidade, a de que o meu Mundo não estava sob seu controle. E depois de tantos anos consigo perceber que tudo o que fiz ou deixei de fazer não teve a mínima importância para você. Porque qualquer que fosse o caminho a conclusão seria sempre a mesma: que eu sou um pedaço de você, abastecido com muitos desejos e esperanças, e conduzido para ser muito, mas muito melhor do que a versão original. Se eu fui? Bom, aos olhos do meu pai com certeza sim… Fui! (agradecer…)
- Ensina-me a Viver
Nas estradas da vida, por vezes, acabamos nos perdendo. E ao nos perdermos, acabamos desaprendendo como viver. E temos que reaprender, sempre que tentamos retomar o curso da nossa história… Buscamos orientações sobre como relaxar, como nos alimentar, como andar de forma correta. Precisamos de conselhos para tudo, até mesmo para o que deveria ser intuitivo. Aprendemos através dos bons conselhos como devemos criar nossos próprios filhos. Só esquecemos que os filhos são nossos, e que talvez por isso, a melhor cura para os problemas deles esteja dentro de nós mesmos, “pais”. Aprendemos a nos comportar em grupos, a falar e escrever adequadamente, aprendemos a viver como manda o protocolo. Somos todos escravos invisíveis do domínio do outro, que exerce força maior sobre nossas vidas do que conseguimos imaginar. Somos menores e mais fracos a cada ordem cumprida e, aos poucos, não identificamos mais a diferença entre um “conselho saudável” e uma necessidade compulsória de comandos. Pagamos para sermos orientados e esquecemos que a melhor parte da vida é “experimentar”. Mas não ousamos experimentar, tentar, vivenciar. Por vezes preferimos, simplesmente, replicar o que já foi testado e aprovado. E nesse caminho tortuoso, cheio de terra batita e areia no rosto, estamos sempre buscando uma estrada de asfalto, mais sinalizada e mais segura… Será? Fui! (encontrar meu próprio caminho…)
- Renego
Em oposição a todos os bons e fiéis, eu renego muitos, vários. Renego todos os que me fazem mal. Renego aqueles que não me fazem mal, mas que também não me causam emoção. Os renego sem pena e sem pudor. Não os quero perto nem longe. Simplesmente não os quero. Penso que o Mundo é muito maior do que alcançam meus olhos, mas ainda assim não os quero na minha paisagem. Renego os que não são “meus”, meus amigos ou meus inimigos, todos os que não fazem parte da minha história. Renego causas boas que não compactuam com minha mente preconceituosa. Renego todos e tudo o que não conversam com a minha alma infantil e pequena. Sou mais livre amando e odiando na mesma proporção, sem medo de relatar minhas angústias e preconceitos, e sem um tom certo para os agudos que gritam dentro de mim ao renegar quem não compactua com as minhas crenças… Fui! (renegar todas as sombras que insistem em caminhar a meu lado e buscar meu sol, onde quer que ele esteja…)
- Fortaleza
Sempre que penso em avós, penso em você. Penso nos cabelos brancos, na cor platinada e nada envaidecida, que cobriam de forma espassada sua mente brilhante. Penso nas mãos calejadas, no cheiro de tempero caseiro que elas exalavam. Penso na sua boca com lábios finos, na forma arcaica com que as palavras saíam dela, na estrutura conservadora, na reepreensão dos atos impróprios contra meus pais e na absolvição dos pecados declarados da gula. Penso nas roupas sóbrias, nos tons modestos, nos brincos de pérola e no cordão com o dentinho do meu pai, adornando harmonicamente seu lindo pescoço. Penso no conjunto da obra que formava a sua imagem. Mas penso também nos sentimentos que você provocava em mim, sempre que eu chegava à tua casa. Não eram fortes emoções, pelo contrário, eram emoções bem amenas, tranquilas, suaves. Eu me sentia feliz ao seu lado, cuidada por você. E não precisava conversar horas, nem um segundo sequer, para saber que você estava entendendo tudo o que se passava no meu mundo. Eu tinha a confirmação de que você sabia, e também do que você me sugeria fazer, somente pelo seu olhar firme e forte. E o que eu deveria fazer? Seguir sempre meu coração, pois ele poderia trapacear algumas vezes, mas jamais me enganaria se eu o buscasse com verdade. E essa verdade, é a verdade que eu enxergo quando vejo sua imagem: a verdade sobre mim, com tudo o que você acreditou que eu tivesse… Algumas poucas fraquezas e todas as inquebráveis fortalezas que sustentam meu ser e me fazem crer que é possível existir sem você. Porque você vive em mim, na minha melhor parte… Fui! (agradecer meus avós, lá dentro de mim…)


















